A jornalista Joana Colussi é colaboradora da colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço
Proposta com o intuito de modernizar o crédito agrícola brasileiro, a Medida Provisória (MP) 897/2019 provavelmente sofrerá modificações no Congresso — onde deverá ser votada em até 120 dias para não caducar. Até agora, a MP do Agro recebeu 60 emendas para mudanças do texto original. Nesta sexta-feira (4), entidades devem se reunir com a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) para propor alterações à medida.
Embora a tendência do produtor seja olhar o hoje, para soluções a curto prazo, é preciso entender que há mudanças que são estruturais — de médio e longo prazos. E foi exatamente com esse objetivo que a MP do Agro foi criada pelo governo federal, para oferecer alternativas ao financiamento da agricultura no futuro.
— A MP gerou uma expectativa diferente para o que se propunha. Ela nunca foi pensada para renegociação de dívidas do passado — esclarece Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul.
A medida abre espaço, por exemplo, para que outros agentes financeiros, além dos bancos, também possam financiar a produção com equalização de taxa de juro. Hoje concentrado nas mãos de instituições públicas e de cooperativas de crédito, o dinheiro para custeio, comercialização e investimento poderá agora vir de outras fontes — inclusive externas.
— Isso significa aumento da concorrência, o que é ótimo para o produtor há décadas dependente dos mesmos bancos — acrescenta Luz.
Ao possibilitar a emissão da Cédula do Produtor Rural (CPR) com correção cambial para investidor estrangeiro, a MP abre espaço para que o mundo invista diretamente no agronegócio brasileiro — reconhecido globalmente pela produção de grãos, carnes, cana-de-açúcar, café e frutas. Para o Rio Grande do Sul, os efeitos poderão ser ainda mais relevantes do que no Centro-Oeste, por exemplo, onde produtores maiores acabam tendo mais ferramentas de financiamento. Apesar do pensamento naturalmente direcionar para o presente, é preciso vislumbrar onde se quer chegar no futuro.
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