Com o período de consulta pública sobre o glifosato encerrado nesta semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deverá agora se debruçar sobre cada uma das 4.602 fichas recebidas. O trabalho não tem prazo para ser concluído, mas, em ocasiões anteriores, o órgão sinalizou que trabalha com a estimativa de encerrar o processo de reavaliação toxicológica do produto até o final deste ano.
Na pergunta "Você é a favor da manutenção do uso do glifosato no Brasil com o estabelecimento de restrições?", 18,39% ou 845 pessoas responderam que sim. Vale ressaltar que a questão era de múltipla escolha, ultrapassando 100%. Nesse mesmo item, por exemplo, a opção "Não, o glifosato deve ser proibido no Brasil, porque causa danos à saúde das pessoas" somou 50,02%.
Outro dado que aparece no questionário é que dos 2.140 que responderam como gostariam de contribuir com a consulta pública, somente 87 disseram que gostariam de apresentar argumentos, justificativas ou evidências, relacionados ao risco de danos à saúde das pessoas. Ou seja, tem muita gente se manifestando de forma contrária à continuidade, mas um contingente pequeno mostra interesse em apresentar argumentos para tal.
Caberá agora à Anvisa o trabalho de filtrar informações que possam ser úteis no processo. A reavaliação do glifosato teve início em 2008.
Em fevereiro deste ano, foi emitido parecer no qual técnicos do órgão deram aval para que o princípio ativo siga sendo utilizado nas lavouras brasileiras, com restrições. O argumento é de que o produto não apresenta características carcinogênicas, mutagênicas e teratogênicas (ou seja, capaz de causar câncer ou provocar má formação em fetos na gravidez).
O herbicida é um dos mais vendidos no mundo e considerado ferramenta essencial dentro do sistema plantio direto, sendo usado em mais de 90% das lavouras de soja brasileiras.
Fora do país, tem sido alvo de contestação. Em três casos diferentes avaliados nos Estados Unidos, a Justiça condenou a fabricante Bayer — detentora da marca comercial Roundup — a indenizações bilionárias. As Cortes americanas deram ganho de causas a pessoas que associam o uso do produto ao câncer.
No Brasil, será a hora da Anvisa concluir sua avaliação.