No momento em que eventuais efeitos do acordo Mercosul-União Europeia estão no radar de preocupações do setor vitivinícola, o resultado positivo no mercado externo é algo a se comemorar. Dados do Ministério da Economia mostram que no primeiro semestre deste ano as vinícolas brasileiras tiveram um crescimento significativo no mercado externo.
Os 3,12 milhões de litros de vinhos e espumantes embarcados representam alta de 95,78% na comparação com igual período de 2018. E a receita de US$ 6,08 milhões representa avanço de 66,75% em igual período. Entre os cinco maiores compradores do produto brasileiro estão Paraguai, Estados Unidos, China, Rússia e Colômbia.
Olhando para os últimos cinco anos, o crescimento no primeiro semestre é ainda maior: 370% em volume e 120% em valor.
Boa parte desse resultado vem ancorado em ações de promoção do setor, viabilizadas por meio do projeto Wines of Brazil, que tem o apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos.
— Sim, temos de celebrar, é um mercado que está crescendo — reforça Oscar Ló, presidente do Instituto Brasileiro do Vinho.
O dirigente pondera, no entanto, que apesar do avanço expressivo, a base de comparação ainda é pequena. O volume vendido nesses seis primeiros meses representa volume pequeno em relação à produção anual do país, que gira em torno de 400 milhões de litros de vinhos e derivados. E no consumo brasileiro da bebida, os importados representam quantia considerável.
— Precisamos melhorar a participação no mercado interno e, consequentemente, trabalhar com as exportações — reforça Ló.
Dentro de casa, o setor segue a discussão para a criação de um fundo para investimento, a ser abastecido pelo IPI recolhido pelas vinícolas. O recurso serviria para deixar o setor mais competitivo frente à entrada de produtos da Europa. Nova reunião sobre o tema em Brasília poderá sair na próxima semana.