Depois de meses embalado, o setor produtivo de leite projeta para junho a primeira baixa expressiva do ano. Nos valores de referência do Conseleite, o litro está estimado em R$ 1,1297, recuo de 4,14% sobre o mês de maio. O produto tinha engatado uma estabilidade.
Pesou para essa perspectiva de queda a redução no valor de leite UHT (-3,27%), leite em pó (-1,16%) e do queijo muçarela (-4,57%). Os três itens representam 90% do montante total de produtos lácteos do Rio Grande do Sul.
A curva de inflexão a partir de junho faz parte da conjuntura anual do setor no Estado. Encerrada a entressafra, inicia-se período de aumento da produção gaúcha — que pode crescer até 10% neste mês. Isso naturalmente impactaria os preços. Mas há preocupação extra com o segundo semestre.
O primeiro é o cenário econômico, com a percepção de que o consumo das famílias segue retraído — e o principal mercado para o leite é o nacional. Além disso, o frio, que estimula vendas da bebida, ainda não veio.
— De janeiro a junho, a remuneração para produtores de leite foi superior à media desse período no ano passado. Mas os valores para o segundo semestre preocupam — diz Alexandre Guerra, presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do RS.
Nas gôndolas, o valor do leite longa vida tem alta de 5,38% de junho em relação a janeiro, conforme a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas). O aumento fica abaixo de mesma comparação em 2018, quando a greve dos caminhoneiros impactou preços.