Um tanto quanto tímida e com resumo de sua fala à mão, a produtora de leite Ivânia Binda, de Fagundes Varela, na Serra, conquistou o público do 7º Fórum Itinerante do Leite, em Teutônia, Vale do Taquari. Ela era “a prova viva” da experiência, desenvolvida com a Emater, que tem o objetivo de usar a gestão como ferramenta de garantia de renda.
Quem acompanha o setor de leite sabe que a atividade é marcada pela sazonalidade. Anualmente, seguindo o ciclo da produção, os preços pagos ao produtor oscilam muito. O problema é que, às vezes, se somam a essa tradicional variação outros fatores. Agora, por exemplo, o valor pago por litro deveria estar estabilizado. Mas segue caindo. O percentual de recuo é de 5,44%, segundo o Conseleite.
Há relatos, no entanto, de reduções maiores.
A crise do setor nos últimos anos levou cerca de 20 mil famílias a abandonar a atividade no Rio Grande do Sul, segundo levantamento da Emater. Ainda assim, outras 65 mil permanecem na atividade. E precisam encontrar um meio de garantir renda.
Dona Ivânia está nesse contingente. Sem cerimônias, reconheceu que ela e a família não faziam “nenhuma conta” até serem abordados pelo agrônomo Leandro Ebert, da Emater.
— Na primeira vez que fizemos, nos apavoramos — confidenciou a produtora no fórum.
Ao ganhar a confiança dessa e das outras famílias que integram a ação, Ebert plantou a semente do conhecimento. Usou a tecnologia — um aplicativo — para ajudar os produtores a terem consciência da importância de ter a atividade sob controle.
A produtora contou do estranhamento quando ganhou um smartphone:
— O que é que eu vou fazer com isso?
Ivânia poderia ter se intimidado e parado por aí. Decidiu, no entanto, que precisava vencer aquela barreira. E “fuçando” no celular, vai aos poucos, domando a tecnologia, transformando-a em aliada. Os resultados já aparecem na propriedade das 15 famílias do GT do Leite. A receita mensal, menos despesa com ração, quase duplicou de abril a setembro.
A maior conquista de Ivânia está em não se intimidar. Ela poderia recuar e ficar só reclamando das dificuldades – que existem. Decidiu ir além.
E vem fazendo a diferença na vida da família e da atividade.