Pesquisa global feita com com 4.157 produtoras rurais dos cinco continentes (433 no Brasil) mostra que as mulheres que atuam no campo têm orgulho da sua atividade — 90% no caso das brasileiras. Mas percebem gargalos comuns às que estão no meio urbano, como a desigualdade de gênero e a diferença salarial.
O estudo foi apresentado na segunda-feira (15), data em que se comemora, por determinação da Organização das Nações Unidas, o Dia Internacional das Mulheres Rurais.
— Elas nitidamente têm orgulho do que fazem, mas isso não necessariamente se traduz em felicidade ou satisfação — observa Ana Claudia Cerasoli, diretora de Marketing da Corteva Agriscience na América Latina, empresa que encomendou o levantamento.
Dentre os diferentes aspectos apontados, chama a atenção, por exemplo, o fato de a percepção de desigualdade de gênero no Brasil ser superior à da média mundial (veja abaixo). Somadas as mulheres que consideram que exista grande ou alguma diferença, o percentual chega a 78%, enquanto que no resto do mundo esse percentual é de 66%. Vale acrescentar que, no país, mais da metade das que foram ouvidas eram produtoras familiares.
Há um reconhecimento de que houve evolução em relação ao passado: 63% das entrevistadas afirmaram que hoje existe menos discriminação do que há 10 anos. Por outro lado, 44% entendem que serão necessárias, ainda, de uma a três décadas para que se tenha um cenário de igualdade de gêneros.
E isso deve incluir remuneração. Mais de metade das brasileiras relatam ganhar menos do que os homens, percentual acima do mundial, que é de 40%. Como se não bastasse, elas também relatam ter menos acesso a financiamentos do que os homens.
No caminho para superar esses obstáculos, as mulheres do campo apontam medidas como ampliar treinamento em tecnologia, mais educação, mais apoio e, ainda, divulgação para o público geral dos sucessos e das contribuições delas na agricultura.