Produtores de trigo estão experimentando situação singular nesta safra de inverno. No embalo do cenário favorável de preços, o agricultor apostou nas exportações futuras. Cerca de 20% da produção estimada – pelos números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) – aproximadamente 370 mil toneladas – já foi negociada antecipadamente.
– O fato novo é a exportação precoce. Nos últimos anos, com exceção de 2013, participamos do mercado externo mais como válvula de escape, pela questão da qualidade ou pela liquidez. Agora, o produtor está aproveitando para fazer resultado – diz Índio Brasil dos Santos, sócio da Solo Corretora.
As projeções apontam perdas significativas no ciclo 2018/2019 em importantes regiões produtoras do cereal no mundo. Essa redução na oferta promete gerar estresse na demanda – consequentemente, nos valores.
– Normalmente, no Rio Grande do Sul, as pessoas não pré-fixavam contrato de trigo, a cultura era deixar para vender depois da safra colhida. Agora, o mercado está fazendo uma defesa sem precisar de mecanismos como os leilões de PEP e Pepro – acrescenta Paulo Pires, presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro).
A entidade vem defendendo nos últimos anos que parte do trigo cultivado seja destinado à exportação.