O Planalto apresenta nesta quarta-feira (6) os números do Plano Safra 2018/2019. A expectativa é de que venham mais recursos e juros menores. Mas o dinheiro efetivamente destinado ao setor passa ao largo do governo federal. Levantamento feito pela assessoria econômica da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) mostra que há um descompasso entre os valores divulgados e os de fato contratados (veja abaixo).
No pacote atual, a diferença deverá ser de R$ 38,6 bilhões — o cenário é uma projeção, já que o ciclo termina no dia 31. Isso significa que está sobrando dinheiro? Não, pelo contrário, afirma o economista Antônio da Luz. O dinheiro do crédito rural vem dos depósitos à vista, de poupança e dos recursos livres dos bancos.
— Não está sobrando dinheiro por causa da seletividade. Está tendo seletividade dos bancos pelo fato de haver menos dinheiro disponível, porque existem menos depósitos tanto à vista quanto de poupança, por conta de cenário econômico — explica Luz.
Os dados mostram que, nos últimos quatro anos, o número de contratos do Plano Safra vinha caindo. Neste ano, houve leve alta — com a melhora na economia, os depósitos à vista e de poupança também evoluíram. Mas o valor médio sacado cresceu. Indicativo de que o dinheiro ficou mais concentrado na mão de menos gente.
— Nosso objetivo é contribuir para que as políticas públicas sejam cada vez melhores, para isso acontecer temos de mostrar a realidade. Quando se anuncia valor maior do que há potencial para existir, o governo se afasta da solução — justifica Luz, sobre a razão para realizar o levantamento.
Outro objetivo é derrubar a ideia de que os recursos destinados aos financiamentos rurais são públicos.