Diante dos prejuízos milionários que se acumulam e da insensibilidade em liberar a passagem de cargas com produtos perecíveis, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS) retirou o apoio à mobilização dos caminhoneiros. No último dia 23, a entidade havia assumido posição pública de endosso ao movimento. Já na época, no entanto, condicionava o suporte à permissão para a passagem de veículos com leite, ração e animais vivos.
– Entendemos que o movimento está perdendo o foco e o controle. Nós, como sindicalistas, jamais podemos apoiar grupo que está pregando a intervenção militar. Ditadura no Brasil, não mais – afirma Carlos Joel da Silva, presidente da Fetag-RS.
Segundo a entidade, mais de cem mil agricultores familiares estão sendo impactados pela greve, com prejuízos na produção de aves, suínos, leite e hortifrutigranjeiros. Em nota a Fetag-RS afirma que "decorridos nove dias de paralisações, constatamos que a greve tomou um rumo que traz a perda de controle das mobilizações, passando a ter um foco político-ideológico".
Dados do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do RS (Sindilat-RS), 51 milhões de litros de leite já foram perdidos no Estado em razão da paralisação.
– Há relatos de caminhões que saíram para coletar leite e foram abordados por pessoas fazendo intimidação – acrescenta Joel.