O que ajudou em 2017 deve puxar para baixo a renda do campo neste ano e, o que atrapalhou, tende agora a ser uma influência positiva. No fim das contas, o que é possível ver até agora indica certa estabilidade na receita dos produtores gaúchos em 2018, diz o economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Antônio da Luz.
Indicador da entidade, o Índice de Inflação de Preços Recebidos (IIPR) mostrou que, ano passado, a safra recorde não deixou cheia a guaiaca de agricultores e pecuaristas. A queda dos preços da cesta de itens analisados anulou com folga o benefício do alto volume de produção e fez a renda cair 11,54% na comparação com 2016. Foi a maior queda da série, iniciada em 2010.
O efeito no bolso só não foi pior porque os produtores gastaram menos. O Índice de Inflação dos Custos de Produção (IICP)recuou 3,90%, a primeira variação negativa do indicador.
Luz observa que, por enquanto, os preços futuros sinalizam que as cotações dos produtos agropecuários tendem a ser melhores neste ano, puxadas por soja, boi e, possivelmente, milho. Por outro lado, o volume de produção deve ser menor. Assim, é preciso esperar o resultado da safra e a consolidação do mercado para se ter uma noção melhor de como será a receita do produtor.
Nos produtos acompanhados, a maior queda no encerramento de 2017 foi do arroz, 24% abaixo de dezembro do ano anterior, seguido pelo milho, com retração de 22%, e do leite, com recuo de 17%.
– Arroz e leite são os que atravessam a maior dificuldade e pedem mais atenção. Provavelmente vão destoar da cesta – alerta Luz, ressaltando os preços deprimidos do arroz em plena entressafra.
Apesar da queda dos custos causadas pela desvalorização do dólar, balizador dos principais insumos, o economista entende que as margens ainda devem permanecer baixas e estáveis em 2018.
Ainda à espera das cotações
Embora se espere reação das cotações dos produtos agrícolas ao longo do ano pela indicação dos mercados futuros, 2018 começa ainda difícil para a renda do produtor. Os dados da Emater para esta semana, por exemplo, mostram que os preços seguem baixos. Dos 11 itens analisados (entre leite, grãos e quilo vivo de animais), apenas o cordeiro para abate tem cotação superior à média para o mês de janeiro nos últimos cinco anos.