Pesquisa divulgada nesta quarta-feira (25) pela Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) revela que os custos de produção das lavouras brasileiras estão bem acima dos custos argentinos e uruguaios. No caso mais emblemático do momento, o arroz, gasta-se 51% a mais para produzir no Brasil do que na Argentina. Em relação ao Uruguai, 24% a mais.
Componentes da tabela de gastos na hora da produção, os agroquímicos, por exemplo, podem chegar a ser até 426% mais caros no Brasil.
Como esses países são integrantes do Mercosul, o lógico seria comprar os insumos onde são mais baratos, reduzindo gastos e deixando o produto final com condições de enfrentar os concorrentes. Mas, na prática, alerta o economista-chefe do Sistema Farsul, Antônio da Luz, o Brasil criou um arcabouço de exigências tão grandes que inviabilizam a aquisição. Ou seja, a troca ocorre apenas de um lado:
– Qual o sentido de termos um bloco que nos gera um monte de problemas na hora de negociar exportação com países de fora se não consigo usá-lo para comprar insumos mais baratos. Se houvesse livre mercado, não existiria o problema de entrada de produtos mais baratos, porque seríamos mais competitivos.
Para o economista, a origem do problema está nas políticas agrícola, industrial e de desenvolvimento brasileiras. E para reverter esse quadro e evitar danos ainda maiores ao setor primário, defende que ou se tenha "o livre comércio de verdade, ou não se tenha nada".
– O Mercosul está no divã – compara Luz.
Diante desse cenário, entidades que representam os produtores já buscaram medidas junto ao governo federal. A primeira foi administrativa: pedido de intervenção, com a criação de cotas ou a distribuição de vendas ao longo do ano. Mas a briga irá além. Presidente da Federação das Associações de Arrozeiros (Federarroz-RS), Henrique Dornelles afirma que a entidade irá para o embate direto:
– Vamos fechar fronteiras. Serão diversas ações no aspecto sanitário e tributário.
O dirigente refere-se a medidas judiciais que serão adotadas dentro de, no máximo, 15 dias, para impedir a entrada do produto de páises do bloco.
– Estamos fazendo um acompanhamento de perto do arroz que entra aqui – afirma.