O Rio Grande do Sul decidiu dar um passo adiante na busca pela retirada da vacina contra a febre aftosa. Nesta terça-feira (26), em reunião com entidades, o Estado bateu o martelo: solicitará, ao Ministério da Agricultura, que faça auditoria no sistema de defesa. A medida é o primeiro estágio do processo para quem busca ser zona livre da doença sem imunização. Com isso, há antecipação do calendário estipulado pelo ministério, que previa o fim da vacinação em território gaúcho em 2021.
– O que estamos solicitando é que o ministério faça a avaliação, mas sem dúvida é um passo importante _ entende Ernani Polo, secretário da Agricultura.
Se a auditoria for realizada no próximo ano, em tese, já em 2019 o Estado poderá deixar de vacinar o rebanho. Para solicitar o status de zona livre de febre aftosa sem vacinação na Organização Munidal de Saúde Animal (OIE), é preciso estar há um ano sem imunizar os animais. A decisão sai anualmente em maio, mas com base em pedidos feitos em setembro do ano anterior. Com isso, explica Bernardo Todeschini, superintendente do ministério no Rio Grande do Sul, os gaúchos estariam aptos a buscar o reconhecimento internacional em maio de 2021.
Depois da auditoria, o tempo médio para que se tenha um parecer _ fundamental à continuidade do processo – é de até 75 dias. Os paranaenses já têm auditoria marcada para janeiro de 2018 e pretendem parar de vacinar em 2019.
– A grande função da auditoria é fazer um diagnóstico. Para que, mais do que tudo, se possam trabalhar medidas corretivas – completa Todeschini.
Presidente do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa), Rogério Kerber avalia que o Estado está preparado para passar por essa avaliação do ministério:
– Temos pessoal capacitado e estrutura que nos dão essa condição diferenciada.
O último foco da aftosa em território gaúcho foi registrado no ano de 2001. Desde então, o status tem sido de zona livre da doença com vacinação.
A retirada da vacina permitiria entrar em mercados não acessados. No Brasil, Santa Catarina é o único que não realiza mais a imunização. E embora a vacinação seja focada nos bovinos, a não imunização beneficiaria todos os setores de proteína animal.