Apontada como a responsável pelo aparecimento de nódulos na carne bovina, o que motivou a suspensão das importações do produto brasileiro in natura pelos Estados Unidos, a substância saponina deverá ser retirada da vacina contra a febre aftosa. A pedido de entidades do agronegócio, o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan) iniciou os testes laboratoriais para a nova composição da imunização – que deverá chegar ao mercado para a vacinação de novembro de 2018.
Segundo o vice-presidente executivo do Sindan, Emilio Salani, o desenvolvimento de uma nova formulação implica investimentos por parte da indústria, tanto para a adequação aos parâmetros de controle quanto para manutenção da mesma eficiência da formulação atual.
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Presidente da Comissão de Sanidade Agropecuária do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV), Ricardo Bohrer explica que cada teste leva em torno de seis meses. Após as avaliações internas dos laboratórios, serão feitos os testes oficiais pelo governo – provavelmente no primeiro semestre de 2018.
– A composição só será liberada ao mercado quando se chegar a uma fórmula com o mínimo de reação – explica Bohrer, que também preside a Sociedade de Veterinária do Estado.
O argumento dos americanos para barrar o produto in natura, no mês de junho, foi a identificação de nódulos e abscessos na carne bovina brasileira – decorrente de reações à vacina. Para conter o problema, o Ministério da Agricultura determinou a exportação de carne fatiada em cubos, tiras ou iscas. No caso dos abscessos, explica Bohrer, a causa mais provável é a contaminação por conta da má aplicação da vacina. Por conta disso, os órgãos oficiais planejam também uma campanha nacional para conscientização dos produtores sobre o modo correto de imunização.
Outra medida confirmada pelas fabricantes de vacina contra a doença é a redução do volume da dose de 5 mililitros (ml) para 2 ml. A produção comercial iniciará a partir de maio de 2018. A Argentina, por exemplo, já aplica doses de 2 ml.
Dentro do ditado que “há males que vêm para o bem”, o transtorno causado pelo embargo americano à carne bovina serviu, pelo menos, para a reformulação da vacina – corrigindo problemas do processo.