Uma das mais respeitadas instituições científicas do país, a Embrapa foi alvo da Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (1) em operação deflagrada na unidade Uva e Vinho, em Bento Gonçalves. A investigação, evidentemente, causa surpresa. Mas em tempos de corrupção por todos os lados, é preciso ter muito cuidado para que o caso não caia na vala comum. E isso não quer dizer que não possam ocorrer irregularidades na Embrapa – até porque é formada por pessoas, que nem sempre são bem intencionadas.
A Operação Liber Pater investiga dois servidores da Embrapa Uva e Vinho suspeitos de comprar uvas sem licitação – além de colocar sobrepreço no produto. A PF apura ainda a atuação de três construtoras responsáveis por cinco obras realizadas em 2015, com indícios de superfaturamento. O prejuízo dos projetos chegaria a R$ 790 mil, segundo os investigadores.
Essa não é a primeira vez que a PF investiga a Embrapa. Em 2012, um inquérito foi aberto para apurar supostas irregularidades na criação da Embrapa Internacional, projeto que acabou abortado pelo Ministério da Agricultura – pasta à qual a empresa é subordinada. O procedimento foi arquivado porque não foram encontrados indícios de crime.
Em 2014, a PF investigou fraudes em licitação para a compra de extintores de incêndio destinados à sede da Embrapa, em Brasília. O caso envolvia um funcionário. Por ser empresa pública, tem seus processos avaliados pela Controladoria-Geral da União.
O risco é de que fatos como esses, arquitetados por funcionários de má-fé, prejudiquem uma instituição de pesquisa que desempenha papel fundamental para a agropecuária brasileira. No Exterior, a Embrapa é um ícone nacional e referência global no agronegócio.
É preciso separar o joio do trigo, para que a corrupção não suje a imagem dos órgãos que ainda funcionam no Brasil.
*Interina