O Rio Grande do Sul tornou-se o único Estado brasileiro entre os grandes produtores de soja a não adotar vazio sanitário para combater a ferrugem asiática, após Santa Catarina ter instituído a medida, em portaria assinada na semana passada. A ausência da exigência aqui é justificada pelo clima mais frio. Ocorre que nem sempre o inverno gaúcho é rigoroso, abrindo espaço para o surgimento da chamada soja guaxa – aquela que nasce de grãos perdidos na colheita anterior (foto acima). Segundo o Consórcio Antiferrugem, parceria público-privada no combate à doença, foram identificadas neste mês plantas vivas em Cruz Alta, no Noroeste.
– Percebemos que nos invernos menos rigorosos no Rio Grande do Sul a ferrugem apareceu mais cedo na safra – alerta Claudine Seixas, pesquisadora da Embrapa Soja.
O vazio sanitário é o período de 60 a 90 dias no qual é proibido cultivar o grão ou permitir a existência de plantas vivas, para evitar a ferrugem asiática.
Nos Estados onde a medida é adotada, os produtores são obrigados a eliminar a soja com aplicação de herbicida.
– Como o fungo só sobrevive em plantas vivas, conseguimos reduzir a população se mantivermos esse vazio no período que antecede o plantio – explica a pesquisadora.
Conforme instrução do Ministério da Agricultura, os Estados são responsáveis por formar comissões e avaliar a necessidade do vazio sanitário. Segundo o secretário da Agricultura, Ernani Polo, esse é um assunto que deve ser discutido constantemente:
– É de interesse de todos, principalmente dos produtores, de interromper o ciclo da doença.
Se entendermos que é necessário tomar novas medidas, faremos isso.
*Interina