Foi um anúncio de Plano Safra menos focado nos números e mais nos discursos. Os R$ 3,2 bilhões a serem liberados para o ciclo 2017/2018 apareceram pela primeira vez, durante a cerimônia realizada no Palácio Piratini, em meio à fala do presidente do BRDE, Odacir Klein. A quantia, 6,6% maior do que a do ano passado, só foi esmiuçada em um segundo momento, em conversa do secretário da Agricultura, Ernani Polo, com jornalistas.
Quem acompanha o setor, sabe que a maior parte dos financiamentos vem dos recursos colocados à disposição pelo governo federal. BRDE e Badesul (juntos oferecerão R$ 1 bilhão), por exemplo, são repassadores das linhas do BNDES. Apenas o Banrisul coloca recursos próprios (R$ 1,8 bilhão de um total de R$ 2,2 bilhões). Mas a importância de manter um plano estadual está, segundo Polo, no alcance das instituições locais:
– Conseguem fazer com que mais produtores possam acessar o crédito.
Vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado, Gedeão Pereira diz que o plano estadual é complementar ao nacional:
– A maior parte do dinheiro para agricultura vem da esfera federal. Mas em um Estado como o nosso, em que o setor é a base, o governo precisa fazer um esforço. A grande mensagem é no sentido de dizer que estão apoiando.
Da mesma forma, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura avalia que o plano é importante. Mas o presidente da entidade, Carlos Joel da Silva, critica a ausência de uma política agrícola "de Estado e não de governo".
– Falam na importância da armazenagem, mas estão se retirando desse cenário – completou Joel, em uma crítica à extinção da Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa).
Os pequenos produtores estão entre os que buscam os bancos locais para financiamentos.
O secretário de Desenvolvimento Rural, Tarcísio Minetto, ressaltou o papel da Emater no auxílio aos projetos de crédito: no ano passado, foram 41 mil agricultores, somando R$ 1,093 bilhão:
– O crédito é o principal fator de indução da produção. Tem de estar à disposição na hora certa – afirmou o secretário.
No ano passado, o Banrisul anunciou R$ 2,1 bilhões. Desse total, foram liberados, até agora (o ano safra termina na sexta-feira), 90%.
No BRDE, foram emprestados R$ 300 milhões dos R$ 550 milhões oferecidos. No Badesul, metade dos R$ 350 milhões.
Para o atual ciclo, as grandes apostas do governo são, além de armazenagem, linhas para retenção de matrizes, especialmente na ovinocultura, e para atividade de diversificação como a olivicultura e a produção de noz-pecã.