Foi nas lavouras de grãos que o Brasil cultivou a saída da recessão, depois de dois anos de resultados ruins. A safra recorde colhida no país foi a grande propulsora do crescimento de 1% do PIB registrado no primeiro trimestre deste ano, quando comparado com o quarto trimestre de 2016. A agropecuária nacional teve no período avanço na casa dos dois dígitos: 13,4%. Foi o melhor resultado nesta comparação desde o quarto trimestre de 1996, quando a expansão foi de 23,8%. Quando relacionado a igual trimestre do ano anterior, o PIB do segmento teve alta de 15,2%, melhor desempenho desde o primeiro trimestre de 2013, quando cresceu 21,5%.
– Quem tirou o Brasil da recessão foi o agro. Se o Brasil inteiro crescesse como o setor, teríamos expansão acima da média asiática na economia – avalia Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Frasul).
A geração de riqueza na economia vinda da agropecuária é bastante sazonal e tem, em cada trimestre, impacto de culturas características do período. Nestes primeiros três meses de 2017, a força vem principalmente da produção de grãos (milho primeira safra e soja) do Centro-Oeste.
– Nessa região, houve recuperação em relação à quebra registrada no ano passado. O crescimento de 26% no total de grãos do país pode ser explicado pela recuperação do rendimento físico – explica Rodrigo Feix, coordenador do Núcleo de Estudos do Agronegócio da Fundação de Economia e Estatística (FEE).
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Das lavouras gaúchas veio a contribuição de culturas como arroz, que também registrou recuperação em relação ao ano passado, fumo, maçã e uva, que produziu volume recorde depois de quebra acentuada em 2016. Diferentemente do Brasil, no Rio Grande do Sul, o efeito maior da safra de soja sobre o PIB ocorre no segundo trimestre do ano. O Estado produziu volume histórico de 18,23 milhões de toneladas.
– Em 2017, a agropecuária crescerá a ritmo chinês – opina o economista da Frasul.
Ele alerta, no entanto, que apesar da supersafra e sua influência positiva na economia, o produtor não terá no bolso um efeito na mesma proporção. A queda do preço das commodities e o enfraquecimento do mercado fizeram do último ciclo de verão um dos menos rentáveis para o produtor, assegura Luz.