Três frigoríficos com processo para cassação de registro – ou seja, que não poderão mais funcionar. Esse é o saldo do primeiro round de auditorias realizadas pelo Ministério da Agricultura após Operação Carne Fraca.
Conforme o secretário-executivo da pasta, Eumar Novacki, foi iniciado um procedimento para cancelar o Serviço de Inspeção Federal (SIF) de duas unidades do Peccin, uma em Jaraguá do Sul (SC) e outra em Curitiba (PR), e de uma planta da Central de Carnes, em Colombo (PR). Em conversa com jornalistas, Novacki disse que outros frigoríficos também poderão ter o regsitro cassado, com o avanço das investigações.
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Foram analisadas 302 amostras. Dessas, 31 (10,2% do total) tinham problemas classificados pelo ministério como de ordem econômica; e oito (2,6% do total), apresentavam risco à saúde pública. Um percentual pequeno, se considerado o universo analisado.
Na primeira lista, estavam lotes de embutidos com ácido sórbico, cujo uso não é permitido para salsichas e linguiças do Frigorífico Souza Ramos, já recolhidos do mercado. E também frango com excesso de água produzido pela BRF de Mineiros e pela Frango DM e excesso de amido em salsichas do frigorífico Peccin.
O risco à saúde veio de hambúrgueres contaminados por salmonellas, produzidos pelo frigorífico Transmeat. Essa linha de produção da empresa foi fechada e os lotes destes produtos recolhidos no dia 23 de março. Também foi constatada a presença da bactéria estafilococos coagulase positiva na linguiça cozida produzida pelo Frigorífico FrigoSantos.
O ministério promete seguir com a fiscalização e antecipou o calendário de auditorias. Neste momento, já estão sendo avaliadas unidades e, Pernambuco, Bahia, Tocantins, Rio de Janeiro e Santa Catarina.
Manter a vigilância faz bem e é mais do que necessário para reconquistar a confiança dos consumidores dentro e fora de casa.
Pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-RS) mostra que o impacto da Operação Carne Fraca foi maior no mercado interno do que no externo. O preço do boi gordo e da carne bovina, que já estavam enfraquecidos, caiu ainda mais após a ação da Polícia Federal.
Indicador do boi gordo ESALQ/BM&FBovespa (São Paulo) acumulou recuo de 3,72% em março. Entre 29 de março e 5 de abril, recuou 5,5%. No mercado externo, apesar das restrições impostas, o segmento teve alta de 24% nas exportações.
O que dizem as empresas
BRF diz que os resultados das análises do Ministério da Agricultura em frangos congelados produzidos em seis datas distintas na unidade de Mineiros (GO) foram divergentes dos resultados obtidos nos controles realizados diariamente dentro da unidade. A empresa já solicitou contraprova e esclarece que, até ter resposta definitiva, os produtos permanecerão retidos.
A FrigoSantos afirma não ter sido autuada ou notificada acerca de qualquer irregularidade em seus produtos, ou mesmo interditada. Acrescenta que tem direito à contraprova.
A Frango DM informa que ainda não foi comunicada oficialmente sobre os laudos mencionados. Acrescenta que todo processo de produção é analisado periodicamente pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF) e pelo próprio controle de qualidade, e que os resultados destes levantamentos não apontaram falhas. Assim que for comunicada oficialmente sobre os laudos, a empresa solicitará a contraprova das análises para esclarecimento.
Zero Hora tenta contato com a Peccin, Transmeat e Central de Carnes, mas ainda não obteve retorno.