Ao colocar à venda unidades da Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa), mais do que cumprir parte de acordo trabalhista, o governo do Estado dá os primeiros passos para sair de cena na armazenagem. Em outras palavras, é o início da extinção, como vinha sendo anunciado.
Nesta primeira etapa, seis filiais serão colocadas no mercado. A avaliação feita dos imóveis indica que somarão R$ 54 milhões, se forem negociadas pelo valor mínimo. As unidades de Júlio de Castilhos – como antecipou a coluna – e a de Santa Rosa já estão com os editais abertos. A primeira, pelo valor de R$ 6,78 milhões. A segunda, por R$ 12,4 milhões.
Completam a lista Nova Prata, Cruz Alta, Passo Fundo e Santa Bárbara. Três estão alugadas no momento (Santa Rosa, Júlio de Castilhos e Cruz Alta).
– Ficou determinado que 100% do valor dessas seis filiais negociadas vá para o cumprimento do acordo – explica Carlos Kercher, presidente da Cesa, em referência à ação negociada sobre o piso da categoria.
Pelo acerto, a Cesa deverá pagar em 72 parcelas a quantia negociada – 40% do montante original, R$ 280 milhões.
Os editais para a venda do primeiro lote devem sair até o fim do primeiro semestre. Mas as negociações não param por aí. Um outro grupo de unidades será negociado no segundo semestre e engloba as plantas de Erechim, São Gabriel 1 e 2, Bagé, Cachoeira do Sul e Palmeira das Missões.
–Nesse caso, 60% do valor irá para o cumprimento do acordo, 30% para a Cesa e 10% para formar uma reserva para pagamento de outras ações – afirma o presidente da Cesa.
Após essas duas fases, o governo tem planos de privatização ou de parcerias público-privadas para as demais unidades. As exceções são as portuárias – localizadas em Rio Grande, Estrela e Porto Alegre, que são concessões feitas ao Estado e, portanto, não podem ser negociadas.
– A ideia do Estado é deixar de fazer armazenagem – afirma o secretário da Agricultura, Ernani Polo, sobre o futuro da companhia.
O previsão é de que o processo seja concluído até o fim do governo Sartori. A companhia tem 23 unidades, das quais 18 ativas. Dessas, 12 recebem grãos.
A capacidade de armazenagem é de 600 mil toneladas – atualmente, estaria guardando 350 mil toneladas.
Vale lembrar, no entanto, que para conseguir ter sucesso nas vendas, a Cesa precisará atrair interessados. Na gestão anterior, houve tentativas frustradas.