A safra recorde que se desenha no horizonte, os sinais de melhora da economia e a garantia dada pelo governo federal de que não faltarão recursos para os financiamentos criam expectativas favoráveis para a Expodireto-Cotrijal. A organização da feira, que começa hoje e vai até sexta-feira, estima avanço de 15% nas vendas na comparação com o ano passado, quando a soma chegou a R$ 1,58 bilhão. Ainda está longe do auge, registrado em 2014, quando as vendas chegaram a R$ 3,2 bilhões. Mas é um cenário bem diferente da última edição, quando as crises econômica e política trouxeram nuvens pesadas e travaram os negócios. Agora, a perspectiva é outra.
As principais fabricantes de máquinas que participam do evento em Não-Me-Toque avaliam que o resultado poderá ser ainda melhor do que o previsto pelos organizadores. Diogo Melnick, gerente de marketing da Case IH, projeta, por exemplo, crescimento de 30% nas vendas em relação ao ano passado.
– Este é um ano que representa a retomada – sentencia Melnick.
Nem mesmo a taxa das linhas de financiamento, que se mantém no mesmo patamar, apesar das reduções do juro básico, deve inibir os negócios, na visão dos executivos.
– Acho a taxa positiva, mesmo em cenário de queda da Selic.
O agricultor tem previsibilidade neste momento e, por isso, tende a apostar nas compras – opina Alexandre Blasi, diretor de mercado Brasil da New Holland.
Para Luiz Cambuhy, da Valtra, a redução do juro nos financiamentos, por enquanto, é expectativa, e os produtores estão acostumados à variação das taxas. O principal, observa o executivo, é ter recursos disponíveis.
– No passado, já tivemos taxas mais favoráveis, mas restrições ao crédito – pondera.
Rodrigo Junqueira, diretor de vendas da Massey Ferguson, avalia que o momento é positivo. Para ele, 2016 foi de virada – os negócios começaram a reagir ao longo do ano – e 2017 será de recuperação do crescimento:
– A Expodireto é um termômetro do ano. Em um evento como este, a gente tem noção de como as coisas vão se comportar.
Por trás da expectativa de melhores negócios que a John Deere tem para esta edição está, principalmente, a empolgação dos produtores com as altas produtividades das lavouras na safra 2016/2017.
– Não é um fator de mercado (como preço e câmbio), mas fruto do trabalho dele – nota Rodrigo Bonato, diretor de vendas da marca.
E sobre o juro das linhas de financiamento, há mobilização por parte da indústria e das entidades ligadas ao agronegócio para ser reduzido no próximo Plano Safra.
– Temos de começar a pedir agora e insistir até conseguir – afirma Claudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado (Simers).
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