A queda dos preços durante a entrada da safra é um movimento normal do mercado. Mas o fenômeno que está acontecendo com o arroz nesta temporada causa preocupação para entidades do setor.
Em apenas 15 dias, o cereal se desvalorizou quase 10%, segundo o diretor comercial do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Tiago Barata. E o que provoca mais estranhamento ainda é o fato de isso ocorrer sem produto, porque apenas 11,3% da área já foi colhida.
O valor da saca de 50 quilos, segundo o Cpea/Esalq era de R$ 42,49 na terça-feira.
– Tem regiões que nem começaram a colher, outras que colheram minimamente. Acreditamos que essa baixa de preços é especulação. Não há oferta abundante – observa Henrique Dornelles, presidente da Federação das Associações dos Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS).
A especulação teria relação com as notícias de supersafra, que no arroz não ocorrerá, afirmam Dornelles e Barata. A projeção de 8,4 milhões de toneladas fica dentro da média dos últimos cinco anos, descontado 2016, quando houve quebra da produção. Essa redução também justifica a alta de 15,2% para a colheita deste ano.
O diretor comercial do Irga diz que a surpresa com relação à redução acentuada de preços vem também porque o estoque de passagem é o mais baixo dos últimos 18 anos – 365 mil toneladas. A estimativa era de que houvesse maior sustentação dos valores.
– Sendo uma produção normal, esperávamos que o mercado fosse se comportar de forma normal. O que causou estranheza é que a desvalorização ocorreu antes da entrada da atual safra – acrescenta Barata.
A maior preocupação é que essa baixa atinja principalmente produtores que não conseguem segurar a oferta, ou seja, diluí-la ao longo do ano. É o caso de arrozeiros que estão fora do sistema de crédito oficial.