Mais atingidos pela disparada dos preços do milho ano passado e queda dos valores dos suínos, os produtores independentes – aqueles sem vínculos com indústrias – começam 2017 com a perspectiva de alívio no bolso. O reequilíbrio financeiro das propriedades ainda deve demorar, mas os criadores gaúchos estão sentindo neste mês um avanço considerável nas cotações do quilo vivo.
O mais recente levantamento da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) mostra que, para os independentes, o preço médio do quilo vivo posto na indústria está em R$ 4,58. Um ano atrás, estava em R$ 3,53. Em meados de janeiro, a cotação era de R$ 3,90. Dois fatores são apontados como principais motivos para a reação.
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Em primeiro lugar, a grande redução da oferta. Com a crise do setor no ano passado, os criadores, principalmente os que não são integrados, diminuíram alojamentos, descartaram matrizes e comercializaram animais com menor peso. Em segundo, aparece a exportação. A venda externa de carne suína em janeiro, mostrou a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), cresceu 67% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Ainda assim, o fôlego financeiro dos criadores independentes está distante, sustenta o presidente da entidade, Valdecir Folador.
– Os animais que estão sendo vendidos agora por este preço foram alimentados por um milho a R$ 50 o saco. Só a partir de maio chegam os suínos produzidos com grão em torno de R$ 30 – explica Folador.
O diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado (Sips), Rogério Kerber, também avalia que, apesar do cenário mais animador, o aumento dos alojamentos e da oferta de animais ainda deve demorar, à espera da recuperação do capital de giro dos produtores.
Pelas contas da Acsurs, o Rio Grande do Sul tem cerca de 8 mil criadores de suínos. Em torno de 20% seriam independentes. Para os integrados, que recebem insumos de empresas e cooperativas, os preços também sobem, mas em ritmo menor. Em um ano, o quilo vivo passou de R$ 2,99 para R$ 3,25, aponta a Acsurs.