A sinalização do governo federal de que está próximo de anunciar a liberação da compra de terras por estrangeiros pode ter reflexos diretos no Rio Grande do Sul e, no futuro, fazer com que o Estado receba um novo grande investimento. Quem está de olho na possibilidade de adquirir novas áreas é a chilena CMPC, dona da Celulose Riograndense.
Em um prazo ainda não estabelecido, a empresa cogita a possibilidade de uma nova planta no sul gaúcho. Para isso, no entanto, é crucial que seja revertida a limitação estabelecida por um parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) de 2010, que congelou negócios com o capital do Exterior.
– Olhamos com atenção esse tema. Uma empresa de celulose procura ter planos para crescer, à medida que o mercado vai se expandindo. Também pela forma como fomos acolhidos no Rio Grande do Sul, há um respaldo que favorece a tendência de pensar em um novo projeto no futuro – diz o presidente da Celulose Riograndense, Walter Lídio Nunes, ainda com certa cautela.
A empresa inaugurou em 2015 uma ampliação da unidade de Guaíba de 450 mil para 1,8 milhão de toneladas por ano, que custou R$ 5 bilhões. Para ser competitiva, uma planta de celulose precisa ter, ao menos, capacidade de 1,5 milhão de toneladas por ano, o que dá a dimensão do investimento que poderia ser feito.
Para abastecer uma fábrica desse porte, são necessários pelo menos 100 mil hectares de eucaliptos. Isso não quer dizer que esse seria o tamanho do apetite da empresa chilena. Parte poderia ser abastecida pela produção das áreas atuais da companhia e também por parceria com terceiros. Hoje, a Celulose Riograndense soma 324 mil hectares no Estado – sendo 145 mil áreas de preservação.
O próprio presidente Michel Temer se manifestou favorável à liberação de terras para estrangeiros. O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, também. Mas para a implantação de culturas perenes – como eucalipto, cana-de-açúcar e laranja – e não de safras curtas, como grãos. A intenção é garantir que os estrangeiros façam investimentos produtivos, e não apenas especulem com as terras. Na semana passada, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que uma solução viria 30 em dias. A AGU limitou a 50 módulos de exploração indefinida (cada um pode ter de cinco a cem hectares, conforme a região) o tamanho das áreas que poderiam ser comprados por por investidores do Exterior ou empresas brasileiras controladas por estrangeiros.
*Interino