Depois de um 2016 fora da curva, com preço recorde, o milho deve ter outro patamar neste ano. No ano passado, o grão chegou ao maior valor nominal. Analista da Safras & Mercado, Paulo Molinari explica que o cenário foi resultado de um excesso de exportação em 2015 e da diminuição da área plantada no verão do ciclo 2015/2016. Além disso, a quebra na segunda safra, a safrinha, que reduziu significativamente o volume colhido no país, também enxugou a oferta e empurrou os valores para o alto.
– Foi um ano atípico – diz.
O momento atual é outro. Animados com a rentabilidade do grão, os produtores ampliaram a área plantada. No Estado, serão 805,64 mil hectares, conforme levantamento da Emater, depois de anos de redução. Até agora, o clima tem ajudado e a perspectiva é de uma boa safra – 4,85 milhões de toneladas.
– Na comparação com 2016, a tendência é de valores menores, deve haver um recuo – pontua o consultor Flávio Roberto de França Junior.
A saca de milho, que chegou a R$ 56 no início de junho de 2016 em Passo Fundo, nesta quarta-feira era negociada a R$ 35. França projeta preços na casa dos R$ 30. Molinari também trabalha com cotações entre R$ 30 e R$ 33 no primeiro semestre.
Presidente da Associação dos Produtores de Milho do Rio Grande do Sul (Apromilho-RS), Cláudio de Jesus, compara a oscilação dos preços do grão ao efeito sanfona. Sobre o impacto dos valores neste ano no plantio do próximo verão, afirma:
– Se ficar entre R$ 30 e R$ 35, o produtor se mantém animado. Mas se cair abaixo disso, começa a influenciar na área de 2016/2017.
O ano passado teve outro efeito positivo na avaliação de Jesus: avanço nas negociações futuras. Teve agricultor que travou preços e conseguiu negociar o grão em bons patamares. Talvez o caminho para driblar altas e baixas seja mesmo dominar a arte de tocar a sanfona.