Os sinais de que os produtores gaúchos poderiam voltar atrás na decisão de diminuir a área de trigo começam a se confirmar.
No início da safra, a redução prevista pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) era de 15,8%. No mais recente levantamento, divulgado nesta quinta-feira, o percentual de retração caiu para 11,2%.
– No próximo mês, provavelmente esse número será ainda menor. Deveremos plantar uma área bem próxima à do ano passado – estima Glauto Lisboa Melo Júnior, superintendente da Conab no Rio Grande do Sul.
Pela estimativa atual, a área a ser semeada com trigo neste ano no Estado será de 765 mil hectares – quase 100 mil hectares a menos do que em 2015. Com a mudança de ideia na última hora, a expectativa é de que a extensão possa ainda chegar a 800 mil hectares.
O estímulo para investir na cultura em pleno plantio, após duas safras frustradas no Rio Grande do Sul, veio do reajuste de 10,5% no preço mínimo e da valorização do cereal no mercado interno no último mês. Em menos de
20 dias, a saca de 60 quilos paga ao produtor, na região de Passo Fundo, passou de R$ 33 para R$ 41 – alta de 24%.
– Essa reação de preço animou o agricultor, assim como a perspectiva de clima favorável e boa produtividade – explica Claudio Dóro, gerente regional adjunto da Emater em Passo Fundo.
Em ano de La Niña, o inverno tende a ser mais seco e com baixas temperaturas – condição propícia para o bom rendimento da cultura.
– O somatório de todos esses fatores fizeram o produtor repensar a safra. O que
poderá impedir uma reversão maior é a falta de sementes. Algumas variedades já não se encontram mais no mercado – acrescenta Dóro.
Com o período de plantio até meados de julho, e financiamento de custeio possível até o final de junho, ainda é tempo de uma reação ainda maior.