Dois meses após a Fazenda ter negado a isenção de PIS e Cofins para importação de milho, ainda no governo da presidente afastada Dilma Rousseff, as indústrias de aves e suínos tentarão agora uma nova investida para a retirada temporária do imposto. A justificativa é o agravamento do desabastecimento do produto no mercado interno, aliado à alta de preço no último mês do farelo de soja – também usado na ração animal.
O atraso na colheita do milho safrinha, no Paraná e no Centro-Oeste, complicou ainda mais a situação dos criadores, que chegam a pagar R$ 62 pela saca de 60 quilos e R$ 1,5 mil pela tonelada de farelo de soja no mercado interno. O milho importado tem chegado ao Rio Grande do Sul com preço de R$ 52 a saca, mais os impostos. A isenção temporária do PIS e Cofins representaria um custo 10% menor para as indústrias de carnes trazerem o milho de fora do país.
– Dentro de um quadro caótico, seria uma ajuda que aliviaria as empresas que estão sucumbindo – disse o presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), Nestor Freiberger.
O dirigente irá se reunir com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) para tentar audiência no Ministério da Agricultura. Nos últimos meses, o Rio Grande do Sul importou cerca de 500 mil toneladas de milho, especialmente da Argentina. Com produção de 4,7 milhões de toneladas, e consumo de 6 milhões de toneladas ao ano, o déficit de milho no Estado é de 1,7 milhões de toneladas (levando em conta 350 mil toneladas exportadas).
Se o mercado de grãos continuar subindo, e nenhuma medida for tomada, as indústrias calculam que o reajuste a ser repassado ao consumidor passará dos 20% nos próximos meses.