Acostumada a salvar o Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul nos últimos anos, a agropecuária gaúcha amargou o pior resultado entre os demais setores da economia no primeiro trimestre do ano. A retração de 8,1%, em comparação ao mesmo período do ano passado, é resultado de uma safra marcada por excesso de chuva – do plantio à colheita.
Entre as culturas agrícolas afetadas pelas condições climáticas adversas, o arroz é a principal no trimestre – respondendo por 40% do PIB agropecuário no período. O cereal foi atingido em cheio pelo fenômeno El Niño, que provocou precipitações acima da média desde a primavera até o final do verão.
– Além da quebra na produção, superior a 1,5 milhão de toneladas, a situação foi agravada pelo aumento dos custos de produção – explica Henrique Dornelles, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz-RS).
Na safra total de arroz, a estimativa é de que a redução chegue a 16%, conforme o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). Junto com o cereal, ajudaram a fazer o PIB agropecuário cair as reduções nas colheitas de fumo, milho, uva e maçã. Enquanto o tabaco tem peso de 15% no primeiro trimestre, as safras de uva e maçã respondem por 5% cada.
Nos três primeiros meses do ano, o setor primário gaúcho foi o único segmento a recuar mais do que a média nacional, que reduziu 3,7%, conforme dados divulgados pela Fundação de Economia e Estatística (FEE).
– A agropecuária vinha acumulando bons resultados. Mas é difícil sustentar anos e anos de crescimento – destaca o economista Roberto Rocha, coordenador do Núcleo de Contas Regionais da FEE.
É importante lembrar que a contribuição negativa da agropecuária ao PIB gaúcho veio sob uma base de comparação altíssima. No ano passado, a safra de verão bateu recordes de produção. A boa notícia do trimestre ficou por conta da pecuária, beneficiada pelo aumento das exportações dos produtos derivados.