Se a reação dos preços e a expectativa de clima seco no inverno são razões suficientes para levar o produtor a repensar sobre a redução da área de trigo nesta safra, a escassez de sementes pode ser um impeditivo para voltar atrás na decisão. Quem mudou de ideia às vésperas do plantio está com dificuldade para encontrar determinadas variedades.
– Aqueles que deixaram para a última hora não estão achando a semente mais adaptada à sua região – conta Hamilton Jardim, presidente da Comissão de Trigo da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul).
Nove variedades são responsáveis por 80% da produção de trigo no Estado. São justamente essas que o agricultor está tendo dificuldade de achar no mercado. Segundo a Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apassul), a escassez é resultado principalmente do excesso de chuva no ano passado, o que elevou o descarte de grãos no processo de beneficiamento de sementes.
– Quando a safra é ruim para o trigo, é ruim para a semente também, que precisa ter um limite mínimo de germinação – explica Eduardo Loureiro da Silva, diretor da Apassul.
A meta dos produtores de semente era colocar 110 mil toneladas no mercado. As péssimas condições climáticas, no entanto, fizeram com que a produção ficasse em 75 mil toneladas – grande parte já vendida.
– Mesmo assim, não acreditamos que isso irá comprometer a área de plantio que estava programada – afirma Silva.
A estimativa inicial da Emater é de que os agricultores gaúchos semearão 767 mil hectares – uma área 13% menor em relação à 2015. Presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), Narciso Barison destaca que a produção foi calculada também com base na intenção de plantio dos agricultores.
– Tivemos problemas climáticos, que diminuíram a oferta. Além disso, as empresas destinaram uma parte da produção para as indústrias, que usam a semente não tratada de trigo branqueador para fabricação de farinha e biscoitos – exemplifica Barison.