A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, decidiu se antecipar à avaliação do parecer do processo de impeachment pelo Senado e marcou a divulgação do Plano Safra 2016/2017 para quarta-feira, dia 4. O pacote costuma sair no início de junho e traz condições e recursos a serem disponibilizados para o crédito agrícola no período de julho deste ano até junho de 2017.
Kátia, que tem defendido publicamente a presidente Dilma Rousseff, contrariando o partido e o setor que representa, optou por não deixar o plano para depois da avaliação do Senado. Poderá ser uma espécie de último ato, já que, se o processo avançar e Dilma for afastada por 180 dias, o ministério também deverá mudar de mãos.
Os convites para a cerimônia, no Palácio do Planalto, começaram a ser distribuídos. No ano passado, foram R$ 187,7 bilhões para custeio e investimento. Ainda não se sabe o tamanho da cifra a ser liberada. Bem mais do que o valor, o que interessa ao setor é conhecer o juro dos financiamentos.
Sobre a antecipação do Plano Safra, as avaliações são diferentes. Presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado, Claudio Bier, entende que o momento ainda é de negociação.
– Se ela anunciar e, depois, eventualmente, sair do governo, será que o plano traçado terá validade? – questiona.
Embora o lançamento venha antes do esperado, o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS), Henrique Dornelles, lembra que a entidade encaminhou uma lista de sugestões à pasta. Entre os pontos estão a definição de um preço mínimo "condizente com a realidade de custos do setor".
Outra questão é a implementação de prêmio de escoamento de produto (PEP), limitado ao período de safra, para transporte de arroz em casca ao centro e nordeste do país e também ao porto de Rio Grande e apoio ao projeto de lei sobre isonomia de ICMS para produtos da cesta básica.
Se as ponderações serão levadas em consideração, é outra história. A conferir na próxima quarta.