Considerado o divisor de águas no ciclo da soja no Rio Grande do Sul, o mês de fevereiro tem tido um clima favorável para o desenvolvimento da cultura. A alternância de dias de nebulosidade e chuva com períodos mais quentes e secos, de um modo geral, beneficiou o grão. E esse comportamento do tempo deve se repetir até o final do mês.
- Ao contrário de janeiro, em que houve excesso de chuva, a tendência é de que, em fevereiro, o padrão dos primeiros 15 dias persista na segunda quinzena. É uma condição bem favorável - pondera Flavio Varone, meteorologista da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro).
Assistente técnico estadual da Emater, Alencar Rugeri concorda. As perspectivas para a produção, pelo andamento da safra até agora, são "muito boas". O levantamento mais recente do órgão indica que 46% das lavouras do Rio Grande do Sul se encontram na fase de floração e 29% em enchimento de grãos. Em alguns locais, o engenheiro agrônomo diz que há até "alguma coisa colhida".
Na última semana, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revisou para cima a projeção de colheita no Estado. Pelo dado, os gaúchos colheriam uma safra de soja de 15,27 milhões de toneladas, superando a produção do ano passado.
Presidente da Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja-RS), Décio Teixeira acha muito cedo, no entanto, para comemorar. Até porque, há relatos de falta de chuva em municípios como Bagé, na Campanha, e São Borja, na Fronteira:
- Por enquanto, não podemos encarar como uma safra cheia.
O meteorologista da Fepagro alerta para dois fatores importantes a serem considerados. Primeiro, o fato de o ciclo estar um pouco deslocado, porque houve atraso no plantio, devido às chuvas intensas. E há o risco de excesso de precipitação no momento da colheita, que também pode prejudicar o resultado.
- O produtor precisa estar atento. Quando achar que a cultura está pronta e o tempo estiver seco, deve colher, porque não se sabe como será o regime de chuva na colheita - completa Varone.
Outra orientação é ficar de olho na previsão do tempo de curto prazo.
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