Há uma dupla interpretação para o anúncio do Ministério da Agricultura de que, no próximo dia 1º, irá colocar à venda 150 mil toneladas de milho dos estoques públicos. O pedido, feito por indústrias que têm no grão o principal insumo da ração animal, reflete a restrição de oferta não apenas no Rio Grande do Sul, mas em todo o país.
A primeira leitura da venda confirmada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na sexta-feira é a de que mostra a preocupação do governo com a situação.
- Perceberam a gravidade do problema e estão agindo. Também dá um sinal para quem está sentado em cima do milho - avalia Ricardo Santin, vice-presidente de aves da Associação Brasileira de Proteína Animal, em relação a quem vem especulando em cima da venda do grão no mercado interno.
Na semana passada, a entidade fez parte do grupo recebido em Brasília pelo ministro interino da Agricultura, André Nassar, para tratar da preocupação trazida com o abastecimento e a alta expressiva do preço. Há dificuldade de encontrar produto mesmo em Estados que são grandes produtores, como Mato Grosso e Paraná.
Pelo Twitter, a titular da pasta da Agricultura, Kátia Abreu, em licença médica, afirmou que a quantidade total a ser ofertada em leilões chegará a 500 mil toneladas.
Os lotes a serem negociados primeiro virão de estoques da Conab em Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul - o valor de venda será divulgado até dois dias antes em comunicado.
Outra avaliação possível é a de que a quantia colocada à disposição é pequena diante da atual demanda reprimida.
- Vai gerar uma expectativa de negócio praticamente impossível de ser cumprida. Não podemos pensar só no Rio Grande do Sul. Santa Catarina é o Estado de maior consumo e maior déficit de produção - pondera Rogério Kerber, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado.
A título de comparação: só o consumo gaúcho de milho gira em torno de 120 mil toneladas por semana.