Na fatia que cabe ao agronegócio na pauta das exportações gaúchas, volume e receita engordaram os resultados do mês de novembro, na comparação com o mesmo mês de 2014.
A quantidade a mais despachada é tanta que consegue bater inclusive o impacto da redução dos preços internacionais de produtos agrícolas. A valorização da moeda americana também deu um belo empurrão, e o resultado é o crescimento de 46,51% no valor negociado com o mercado externo, diante de expressiva alta de 207,16% nos embarques, como aponta relatório mensal divulgado pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
Na linha de frente do resultado, claro, o complexo soja, com acréscimo de 354% em volume, resultando em receita 276% maior.
- Esse aumento significativo reflete a base de comparação menor. Em outubro e novembro de 2014, não se tinha tanto produto disponível quanto agora - pondera Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul.
Esse produto "extra" disponível é reflexo da safra colhida neste ano no Rio Grande do Sul, a maior de todas no total de grãos, com a soja superando a marca das 15 milhões de toneladas.
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A projeção do economista é de que 2015 termine com a receita, em dólares, próxima de zero - ou seja, sem avanço, mas também sem retração. O indicativo vem do fato de que, em outubro, a queda em faturamento no acumulado do ano era de 6,24% e, agora, caiu para 3,57% em relação a igual período.
- Se fecharmos em zero, estaremos no lucro, porque o preço da tonelada no mercado internacional teve queda de 25% - completa Da Luz.
Para o primeiro trimestre do ano que vem, a estimativa da entidade é de que os embarques se mantenham crescendo em volume e com receita também melhorando, quando ainda estará no balcão
de negócios os resultados da colheita em 2015.
A partir de abril, quando começa a entrar a safra de 2016, o cenário pode mudar, porque ainda não há certeza do tamanho da colheita. As perspectivas apontam encolhimento de 6% na produção do Estado. A certeza do quanto o El Niño irá comprometer os resultados só virá mais adiante.
Se no Brasil os produtos do agronegócio ganharam em participação, chegando a 45,9% em 2015, segundo dados do Ministério da Agricultura, no Estado, o peso é ainda maior: 64,64% do total exportado pelo RS veio do setor.