A OZ Earth Participações, de São Paulo, arrematou, de novo, o complexo industrial da Cooperativa Sul-Riograndense de Laticínios (Cosulati) em Capão do Leão, no sul do Estado. O resultado do último leilão pela área, também vencido pelo lance único da empresa paulista, não foi homologado pela Justiça. A juíza Ana Ilca Härter Saalfeld argumentou que a garantia de pagamento por fundo de investimento, oferecida pela compradora, não estava prevista no edital anterior. Porém, foi prevista no texto da nova disputa. Nos próximos dias, a magistrada fará a análise da documentação encaminhada.
O certame teve novamente um único lance, de R$ 49,1 milhões — pouco mais da metade do valor avaliado, de R$ 98,2 milhões, incluindo a estrutura e os maquinários. Organizada pela Zago Leilões, a disputa durou 17 minutos. O pagamento da comissão da leiloeira pode ser feito em até 10 dias. A venda dos bens foi determinada pela 4ª Vara do Trabalho de Pelotas para pagamento de dívidas trabalhistas da cooperativa, que chegam a R$ 30 milhões. Há mais de 300 processos na Justiça. O valor restante irá para bancos e fornecedores.
À coluna, o CEO da OZ Earth, Igor Elias, disse que usará o complexo para a estreia da empresa como indústria de laticínios. Desde que foi criada, em 2018, a companhia estuda entrar no mercado. A ideia é investir mais R$ 50 milhões na planta em Capão do Leão, que voltará a fazer produtos como leite, queijos, leite em pó, manteiga e leite condensado. Serão feitas reformas nas antigas estruturas e comprados novos equipamentos.
O complexo industrial tem 17,5 mil metros quadrados de áreas construídas. Além da unidade em Capão do Leão, a Cosulati tinha uma fábrica em Pelotas, onde ficava a sede. Ela e outras estruturas menores ainda podem ir a leilão.
Fundada em 1973, a Cosulati, dona da marca Danby, entrou em liquidação extrajudicial em 2016 devido a problemas financeiros e suspendeu suas atividades. No auge, tinha capacidade para produzir até 200 milhões de litros por dia, que transformava em produtos como queijos e leites. Há dois anos, a cooperativa chegou a ser alvo de operação do Ministério Público por desvio de dinheiro, com manipulação de dados contábeis apresentados aos associados.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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