A falta de recursos da poupança e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) está travando os financiamentos de imóveis e levará a Caixa Econômica Federal (CEF) e baixar as cotas de empréstimo em novembro. O assunto preocupa compradores, vendedores e o setor imobiliário como um todo. Para saber uma projeção, a coluna entrevistou o diretor-executivo da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Filipe Pontual, no Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, que apontou duas saídas: liberação dos compulsórios da poupança e redução do prazo para resgate das Letras de Crédito Imobiliário (LCI).
Há perspectiva de uma normalização?
É um pouco complexo. Os recursos que hoje financiam o crédito imobiliário, seja para as incorporadoras construírem ou para os compradores de imóveis, são do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) e do FGTS, direcionados, principalmente, para o Minha Casa Minha Vida, programa que ainda tem recurso amplo. No ano passado, financiamos com recurso da poupança R$ 153 bilhões. Neste ano, serão em torno de R$ 164 bilhões, mas a demanda continua forte, enquanto os depósitos na poupança caem. Clientes preferem outros investimentos que não a caderneta. Estamos limitados. Dá para financiar com outros recursos, como Letras de Crédito Imobiliário (LCIs).
Aí o financiamento fica mais caro...
Exatamente. A questão principal é o juro alto na economia por uma situação fiscal não bem resolvida ainda. Isso gera uma expectativa de inflação, que exige mais juro.
A Caixa diz estar discutindo outras fontes de recurso com o mercado, como a redução do depósito compulsório da poupança, fatia do valor dos poupadores que o banco é obrigado a reter. Isso pode ocorrer no curto prazo?
Seria um passo muito importante, ajudaria bastante a agregar mais recurso. Estamos discutindo também a redução do prazo mínimo de resgate das LCIs, que, em janeiro, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aumentou para um ano e, em agosto, reduziu a nove meses. Entendemos que, para atrair investidores a um custo interessante, precisa ser de 90 dias.
O que aconselharia para as pessoas que estão com dificuldade de conseguir financiar o imóvel?
É uma situação muito especial de cada pessoa, mas acho que tem que continuar tentando, ver qual instituição libera e se a prestação caberá no bolso, já que o juro está mais alto. Eventualmente, precisará de uma entrada maior para reduzir a parcela. Continuamos acreditando que vamos conseguir, por questões técnicas, mostrar que é importante a redução do prazo da LCI para 90 dias e a liberação da poupança, ajudando a irrigar um pouquinho mais o mercado.
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Aproveite também para assistir ao Seu Dinheiro Vale Mais, o programa de finanças pessoais de GZH. Episódio desta semana: O que vai mudar no financiamento de imóveis pela Caixa
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jaques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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