Como o Ministério da Fazenda vê a resistência do dólar em um patamar elevado? Ontem, fechou em R$ 5,64. Pretende adotar alguma medida para que caia, considerando o provável corte de juro nos Estados Unidos, que traz um cenário favorável para queda da cotação? O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, respondeu à pergunta da coluna durante o programa Bom Dia, Ministro, pois o dólar alto provoca inflação e pressiona por elevações da taxa de juro Selic pelo Banco Central.
- Temos desafios externo e interno, mas acredito que as coisas comecem a melhorar a partir deste mês, em virtude do que você próprio falou (corte do juro nos EUA). Eu penso que, no âmbito externo, as coisas possam começar a desanuviar. Temos um sistema de câmbio flutuante no Brasil. Você pode fazer intervenções tópicas, quando isso exige. O Banco Central tem essa liberdade. Tem feito muito pouco e tem que ser parcimonioso mesmo. Mas o fato é que você teve frustrações no mundo todo. O FED (Federal Reserve, o banco central norte-americano) está demorando a cortar os juros. Previa o primeiro para março. Nós, da Fazenda, esperávamos para junho. Não veio, e começou a se falar em aumento. Criou-se uma descoordenação grande. Depois, você teve aumento do juros pelo Banco do Japão, que havia décadas que não mexia com isso. Tem a desaceleração da China, queda no preço de commodities, penalizando exportadores, como o Brasil. E tem os problemas internos para administrar. Não são simples, porque herdamos um país muito desarrumado. Às vezes, as pessoas esquecem. Só o novo Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), que foi aprovado sem nenhuma fonte de financiamento, onera o Tesouro Nacional em R$ 40 bilhões a mais do que o antigo, que foi, aliás, criado na minha gestão quando ministro da Educação. Os governos anteriores foram criando despesas e cortando receitas, beneficiando grupos econômicos. Os amigos do rei ganhavam isenção de imposto e as despesas iam sendo contratadas para os governos futuros. Problemas domésticos também afetam o dólar.
Assista à resposta do ministro:
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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