Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Em um cargo criado na nova gestão da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), o CEO Paulo Herrmann quer transformar a entidade e fazê-la chegar às pequenas indústrias. Confira a entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha.
Qual seu objetivo à frente da Fiergs?
Com a eleição de Claudio Bier para o triênio 2024-2027, colocamos em pauta uma estratégia para transformar a instituição e a indústria do Rio Grande do Sul. O papel de CEO, que foi criado, é criar condições para que o presidente possa articular politicamente essa transformação.
Já está mexendo em cargos e enxugando a estrutura. A federação funcionará nos moldes de uma empresa privada?
A federação tem que ter a cara da indústria. Apesar de toda a representação político-sindical, precisa refletir valores da indústria. Ser menos endomarketing, menos para dentro e mais para fora. Temos hoje, no Rio Grande do Sul, mais de 40 mil pequenas e microempresas com até 20 funcionários que não se sentem representadas pela federação.
Como levar o que a Fiergs oferece aos pequenos industriais?
Esse é o grande desafio: neste grupo de empresários, que na pandemia aumentou bastante no que chamamos de empreendedorismo por necessidade. São os desempregados que resolver abrir um pequeno negócio. Esse pessoal não tem tempo para participar de reuniões de dias e dias. Temos que mostrar que é importante investir parte do dia para desenvolver o negócio, trazê-los para um nível de competitividade, investir em inovação para que se tornem resilientes nos altos e baixos do mercado.
Tem recursos?
Já temos o programa "Brasil Mais Produtivo", com recursos disponíveis para aplicar em basicamente duas coisas. A manufatura enxuta é rever o processo de produção e fazer uma melhor estruturação das máquinas, com ganhos de até 50%. E o programa de eficiência energética verifica se a energia que estão gastando - tanto elétrica quanto de trabalho - é a mais eficiente possível, com ganho de produtividade e redução de custo de 20% a 30%. Tudo isso é ineficiência, custo, retrabalho, qualidade comprometida. É simples, não precisa reinventar a roda, é só trazer esse povo a um processo mais eficiente e de tecnologia.
Em que pé está a instalação do centro de tecnologia do Senai em Porto Alegre, voltado à agroindústria?
É um pilar da transformação da indústria do Estado. Esse centro de competência de hardware - um nome provisório - é um grande hub tecnológico onde pretendemos trabalhar no limiar do conhecimento. Será um abrigo a incubadoras, aceleradoras, startups e instituições construirmos um grande polo de desenvolvimento de inovação e de criatividade. O projeto está andando, estamos correndo contra o relógio, porque tem uma definição a ser feita. Infelizmente, com o período eleitoral, algumas decisões terão que se postergados, até por compliance. Recursos já estão à disposição.
Ouça a entrevista na íntegra:
Como ex-presidente da John Deere, como vê a queda nas vendas de máquinas agrícolas após o crescimento da pandemia?
O o mercado agrícola é cíclico e sazonal. Tivemos dois, três anos com vendas claramente acima do normal - em 2021, 2022 e até um pedaço de 2023. Obviamente, até o primeiro semestre de 2025 será para ajuste nesse volume. A indústria está preparada para isso. Desde sempre viveu altos e baixos. Obviamente, ninguém gosta de períodos de retração de vendas, mas é absolutamente normal.
Pretendem manter o programa de escolas do Sesi?
Temos um programa que será mantido. São as 11 escolas que iremos construir. Cinco já estão operando, duas serão inauguradas em novembro, duas estão sendo licitadas e duas dependem de definir a localização.
E assista ao Painel RBS sobre a reconstrução da indústria e do comércio:
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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