As bets movimentaram R$ 100 bilhões no ano passado no Brasil e seguem ganhando espaço aceleradamente. Estima-se que haja 2 mil sites de apostas online. O varejo começou a sentir impacto na venda de roupas, passou à comida, a remédios e, agora, o endividamento das famílias alarma os bancos. Confira abaixo trechos da entrevista do diretor de Cidadania Financeira e Relações com o Consumidor da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Amaury Oliva ao podcast Nossa Economia, de GZH.
Por que a preocupação agora?
O mercado de bets está assumindo no Brasil uma proporção alarmante, com aumento rápido de apostas, informações e publicidade. Os bancos estão atentos ao impacto, principalmente no orçamento das famílias. Conforme elas jogam mais, perdem mais dinheiro e se endividam mais, afetando a saúde física. Quando aumenta a inadimplência, diminui a oferta de crédito e deixa os empréstimos mais caros. É efeito no consumidor, no sistema financeiro e na economia.
O que vem por aí?
Sabemos que essa bomba-relógio das bets ainda vai estourar, com um comprometimento sério da renda das famílias. É importante que a sociedade esteja atenta. O Brasil já seria o terceiro maior mercado de apostas online do mundo. Estudos mostram que as pessoas gastam, em média, 20% do salário em bets.
Não são apostas eventuais e muitos acham que são investimentos...
Comprometimento de renda e descontrole, fenômeno conhecido. Há alguns anos, vivemos a proliferação de bingos e caça-níqueis, que atingiam principalmente aposentados e pensionistas. As bets são mais preocupantes pela facilidade de acesso. Está na internet, no celular no bolso. Há ainda uma publicidade massiva com uso de influenciadores e patrocínio de times de futebol, com incentivo diário de entrar na plataforma. Crianças e adolescentes também estão expostos, inclusive no apelo infantil de influenciadores mirins, bonecos e brinquedos.
Qual regulamentação os bancos defendem?
Regras rígidas de publicidade, transparência e requisitos técnicos para evitar que o consumidor se endivide. Uma delas proíbe o uso de cartão de crédito para bets. Se endividaria para apostar. Órgãos de defesa do consumidor têm que fiscalizar. Pais têm que orientar filhos de que jogos e apostas não são brincadeiras, que há o risco do vício. Não é à toa que se chama "jogo de azar".
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jaques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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