Embora geralmente venham sem surpresas, os comunicados das entidades empresariais sobre a última decisão do Banco Central mostram divergência entre comércio e indústria, setores de peso da economia brasileira. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) foi incisiva ao dizer que o Comitê de Política Monetária acertou ao manter a taxa de juro Selic em 10,5% ao ano. Sabe que o aperto monetário retrai o setor produtivo, mas entende que a inflação o exige. Acredita que alta de vendas do varejo, renda elevada, baixa no desemprego e cenário fiscal preocupante seguem ameaçando os preços, que são o alvo do Banco Central ao decidir sobre juro. A CNC chega a dizer que espera que a autoridade monetária mantenha uma "postura mais dura".
Por outro lado, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) taxou a decisão do Banco Central de "preocupante", argumentando que penaliza a economia e, principalmente, os mais pobres. Entendendo que há espaço para isso, defendeu que a Selic volte a ser reduzida "o quanto antes" para baratear crédito a empresas e consumidores. Mas isso é difícil neste cenário com dólar alto e ameaças à inflação. Tanto que o alívio quanto à decisão veio exatamente do fato de o Copom não ter sinalizado alta do juro.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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