A enchente no Rio Grande do Sul puxou a queda no indicador nacional da indústria em maio, que trouxe redução de 0,9% na produção sobre abril. Foi o segundo mês negativo e com aceleração no recuo. A pesquisa do IBGE mostra que os piores resultados foram das fábricas de veículos automotores, reboques e carrocerias (-11,7%) e de produtos alimentícios (-4,0%). São dois setores nos quais o Rio Grande do Sul tem forte peso na matriz nacional e foram muito atingidos pela cheia.
- Tanto a montadora de veículos quanto as fábricas de autopeças registraram paralisações em suas produções em decorrência das chuvas e isso afetou também o abastecimento para a produção de bens finais no resto do país. Houve, por exemplo, a concessão de férias coletivas em uma planta industrial em São Paulo como forma de mitigar os efeitos das paralisações ocorridas em unidades produtoras de peças no Rio Grande do Sul - explica o gerente da pesquisa, André Macedo, que se refere à parada no complexo da General Motors (GM), em Gravataí, e à suspensão de produção em unidades da Volkswagen pelo país que usam peças fabricadas no Rio Grande do Sul.
Nos alimentos, o IBGE aponta o efeito da inundação na queda da produção de carne de aves, bovinos e suínos, além de derivados de soja. A produção de alimentos responde por 15% do total da indústria brasileira.
O indicador de produção da indústria gaúcha em maio será divulgado pelo IBGE no dia 12 de julho.
Repercussão em SP
Para a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), a enchente adiciona incerteza para o ritmo de recuperação da indústria brasileira como um todo. A análise da entidade foi enviada após a divulgação do indicador e é relevante, pois o maior parque fabril brasileiro fica em São Paulo, que também é o centro financeiro do país.
"Há um grau de incerteza mais elevado sobre a trajetória da produção industrial brasileira nos próximos meses, em função da imprevisibilidade quanto à velocidade de recuperação da capacidade instalada do setor industrial gaúcho. Cabe destacar que a participação do estado no PIB da Indústria de Transformação brasileira é de 8,3%.", diz a análise da Fiesp.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@radiogaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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