Uma das medidas mais procuradas e acertadas nas crises - da pandemia à atual enchente no Rio Grande do Sul - é dar fôlego aos pequenos negócios. Os empreendedores podem não empregar individualmente centenas ou milhares de pessoas, mas, juntos, movimentam muito mais postos de trabalho e pulverizam a economia de forma saudável. A principal ferramenta para isso tem sido o Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte). Só que o recurso se esgota rapidamente. Banco do Brasil e Banrisul já informam que a modalidade com o juro mais baixo, por contar com subvenção do governo federal, acabou. Tem ainda alguma coisa na Caixa Econômica Federal. Sicredi está recebendo um valor alto nesta semana para repassar. Sicoob fecha a lista de instituições financeiras autorizadas.
Outro ponto de atenção é que, na corrida pelo juro reduzido, empreendedores com bom histórico de pagamento e menos dívidas conseguem mais fácil a liberação de crédito. Porém, podem não ser quem está precisando agora. Nem todos das cidades em calamidade foram atingidos. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) recomendou aos bancos repassadores que façam a análise de crédito condizente com este cenário e com o propósito do dinheiro disponibilizado. Dificuldades devem ser relatadas à ouvidoria. O problema é que corre-se contra o tempo. Relembre a entrevista com o BNDES: Socorro a empresas do RS: do juro máximo a exigências e ouvidoria do BNDES para reclamações
O Núcleo de Pesquisas do Sindicato dos Lojistas de Porto Alegre (Sindilojas POA) e a coluna traçaram um raio-x de como está a procura do Pronampe pelos comerciantes da Capital, tão atingidos pela cheia. De um lado, surpreende que boa parte dos que buscaram conseguiu (75%), mas preocupa que 26% pretendem pedir o financiamento, mas ainda não o fizeram. Confira abaixo os detalhes da sondagem, com atenção para a última pergunta, na qual oito em cada 10 lojistas disseram que terão que demitir se não puderem contar com um novo Pronampe ou com a renegociação do antigo.
Solicitou o Pronampe da enchente?
Não, nem solicitará - 54%
Não, mas solicitará - 26%
Sim - 20%
Se solicitou, conseguiu?
Sim - 75%
Não - 25%
Em qual banco conseguiu?
Banrisul - 53,3%
Caixa Econômica Federal - 26,6%
Banco do Brasil - 6,7%
Sicredi - 6,7%
Bradesco - 6,7%
Você teve alguma cobrança extra além do juro anunciado pelo governo?
Não - 66,7%
Não sabe - 26,6%
Sim - 6,7% (Todos relataram exigência de contratação de seguro)
O empréstimo será para pagar:
Fornecedor - 46,7%
Funcionários - 26,5%
Aluguel da loja - 6,7%
Cartão de crédito - 6,7%
Contas de água e luz - 6,7%
Impostos - 6,7%
Se não conseguiu, qual o motivo?
Burocracia - 80%
Não atendeu requisitos - 20%
Em qual banco não conseguiu?
Caixa Econômica Federal - 60%
Banco do Brasil - 20%
Banrisul - 20%
Já tem Pronampe em andamento, contratado em anos anteriores?
Não - 88%
Sim - 12%
Tentou renegociá-lo?
Não - 66,7%
Sim e consegui - 25%
Sim, mas não consegui - 8,3%
Se não conseguir contratar um novo ou renegociar seu Pronampe, terá que tomar alguma medida?
Demitir funcionários - 80%
Nenhuma - 20%
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jaques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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