Desde o primeiro dia da tragédia que atinge o interior do Rio Grande do Sul, o empresário Tironi Paz Ortiz atua, com recursos da sua indústria, para ajudar comunidades. Ele apela para que outras empresas façam o mesmo, inclusive de fora do Estado, especialmente com o envio de aviões e helicópteros. Veja abaixo trechos e, no final da coluna, ouça na íntegra o relato ao podcast Nossa Economia, de GZH, de Ortiz, que é fundador e CEO do Grupo Imply, empresa de tecnologia de Santa Cruz do Sul, e também vice-presidente regional da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul).
Como estão sendo os dias?
Bastante difíceis para a comunidade aqui de Santa Cruz do Sul e região, que carece de muitos recursos. Colocamos nosso helicóptero à disposição desde o primeiro dia de crise, com prioridade para salvamentos e para levar medicamentos. Na sexta-feira, com as condições meteorológicas favoráveis, fizemos seis entregas de medicamentos na cidade de Sinimbu, que foi praticamente destruída. Também conseguimos remover uma paciente que carecia de hemodiálise. Temos só 300 litros de combustível, o que nos preocupa. Mobilizamos um grupo de funcionários para separação de alimentos e recolhimento de doações.
Resgataram pessoas com o helicóptero?
Disponibilizamos um helicóptero para a polícia. Não é preparado para resgate, mas, onde é possível pousar com segurança, nosso comandante consegue resgatar pessoas. Damos prioridade para levar alimentos, geradores e medicamentos.
Qual o combustível que vocês precisam?
Avgas, especial para o helicóptero. O trânsito está totalmente interrompido em regiões de onde vem o combustível. Como a empresa também dispõe de um avião, conseguimos ir a Novo Hamburgo para fazer o abastecimento e transferir de uma aeronave para outra.
Já passou antes por algo assim?
Nunca. Em nossa empresa, que é sediada às margens da RS-287 há 14 anos, nunca vimos a água chegar à porta da fábrica. É uma situação desesperadora. É difícil até de falar. Recebemos agradecimento por estarmos apoiando, mas é o que temos que fazer como empresário, como cidadão, como ser humano.
Estão precisando de algo?
Tenho recebido mais de 50 mensagens e ligações por dia justamente de pessoas que têm seus parentes... Em Cruzeiro do Sul, tinha pessoas há dois dias sobre o telhado. Precisamos de aeronaves, dos governos e das empresas privadas que possam deslocá-las para todas regiões afetadas, não só a de Santa Cruz do Sul. Deveríamos deslocar o maior número possível de helicópteros para fazer o salvamento das pessoas, levar medicamentos para pessoas ilhadas, geradores de energia e alimentos.
Como acha que será a reconstrução depois?
Participei de uma reunião do gabinete de crise, liderado pelo secretário Ernani (Polo, de Desenvolvimento Econômico do Estado), e outros colegas da Federasul, da qual faço parte. Precisamos de imediato de uma resposta sobre as linhas de créditos que serão disponibilizadas para as empresas, para que elas possam fazer frente às suas necessidades, poder atender seus colaboradores... Empresas tiveram operações completamente paralisadas, precisam amenizar um pouco o prejuízo, continuar pagando os fornecedores, empregados e dar continuidade à reconstrução como um todo.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@diariogaucho.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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