A indústria gaúcha fechou 2023 com uma das maiores quedas de produção do país. O recuo de 4,7% do Rio Grande do Sul, sobre 2022, só foi menor do que os resultados apresentados por Ceará (-4,9%) e Maranhão (-4,8%). O país como um todo teve um avanço de 0,2% na produção das fábricas. É positivo, mas bastante fraco.
O ano foi marcado por paradas de manutenção em importantes empresas gaúchas, como a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, e a CMPC, unidade industrial de celulose em Guaíba. Além disso, a General Motors (GM) seguiu fazendo suspensões de produção e há ainda um impacto das estiagens e das enchentes na indústria de alimentos. O Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial (Iedi) observa que as quedas mais intensas têm ocorrido em parques industriais diversificados, citando o Rio Grande do Sul e São Paulo, que, por sua vez, é o mais importante do país.
Os piores desempenhos no Estado, segundo o IBGE:
- Coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (óleo diesel, naftas e óleos combustíveis)
- Máquinas e equipamentos (máquinas para colheita, semeadores, plantadeiras ou adubadores, tratores agrícolas e ferramentas hidráulicas de motor não elétrico de uso manual)
- Produtos alimentícios (carnes e miudezas de aves congeladas, frescas ou refrigeradas, carnes de suínos congeladas, rações, sucos integrais de uva, leite e tortas, bagaços e farelos da extração do óleo de soja)
- Produtos de metal (armas e suas partes, peças e acessórios e artefatos de alumínio para uso doméstico)
Finaleira do ano
O avanço de 2% na produção da indústria gaúcha em dezembro sobre novembro não foi suficiente para amenizar significativamente o resultado amplo. Considerando o último trimestre, 64% dos ramos ficaram no vermelho. Neste período, que costuma sinalizar como começa o ano seguinte, a queda mais aguda foi em papel e celulose (-24,2%), o que tem influência da parada de manutenção da fábrica da CMPC em Guaíba, algo que tende a ser revertido nos próximos indicadores. Porém, é mais difícil de se recuperar das quedas dos demais setores com resultados bem negativos: máquinas e equipamentos (-15,3%) e metalurgia (-14,6%), além de veículos automotores (-7,2%) e de alimentos (-6,5%).
E para 2024?
Alguns fatores levam a crer que 2024 terá resultados melhores. Um deles, claro, é a produção plena nas indústrias que fizeram paradas de manutenção. Uma boa safra, especialmente de soja, pode também dinamizar as fábricas de alimentos. No geral da economia, a grande aposta é a continuidade da redução da taxa de juro pelo Banco Central, estimulando o crédito para consumo e investimentos.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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