Um parque eólico de R$ 1,5 bilhão a ser instalado em um assentamento de 9 mil hectares em Touros (RN), no nordeste do país, foi o desafio abraçado pela gaúcha DGE Soluções Renováveis. O aporte financeiro é da gigante do setor EDP. Para tirá-lo do papel, a empresa de Porto Alegre negociou com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e as famílias. O projeto agilizou a burocracia para regularizar a propriedade dos lotes para cerca de 300 famílias, foram pagos os R$ 20 mil que teriam de ser quitados por cada uma e elas receberão cerca de R$ 1,7 mil mensais por lote pela instalação dos aerogeradores.
Dá trabalho? Demora? Bastante, explicaram os sócios da DGE ao podcast Nossa Economia, de GZH, Guilherme Sari e Daniela Cardeal, que também integram a direção do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS). Sari contou que a ideia surgiu a partir de uma análise do potencial de ventos da região, que é muito forte. Além das áreas já ocupadas, há estes assentamentos que necessitavam de regularização e, então, viraram a aposta das empresas de energia renovável.
O projeto Zabelê está sendo o pioneiro. Faltam algumas licenças e a oferta de linhas de transmissão para que os aerogeradores sejam instalados. Há outros dois empreendimentos sendo engatilhados, diz Daniela, que comemorou que Zabelê foi um dos três gaúchos levados pela Câmara Americana de Comercio (Amcham) ao COP28, evento de sustentabilidade que foi realizado em Dubai.
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Os outros projetos
O segundo projeto apresentado na COP28 foi o Bioo, da eB Capital com a Sebigas Cótica. Ele contempla três usinas de biogás, sendo que a primeira, de R$ 200 milhões, já teve a construção iniciada em Triunfo, no Rio Grande do Sul. A ideia é que pelo menos uma das outras duas também fique no Estado.
— Em uma biosolução, transformamos passivos ambientais e resíduos orgânicos da produção industrial através da biodigestão — diz o diretor Maurício Cótica.
Já o terceiro é da Irani Papel e Embalagem, para descarbonização do processo industrial. Ações adotadas desde 2004 reduziram a emissão de gás carbônico (CO2) de 134 mil para 56 mil toneladas.
— Plantamos árvores, substituímos caldeiras a óleo diesel pelas de biomassa e fizemos melhorias na estação de tratamento de efluentes para gerar menos metano — lista Leandro Farina, gerente de Saúde, Segurança, Qualidade e Sustentabilidade da Irani.
O trio de empresas gaúchas integra a plataforma Brasil Pelo Meio Ambiente (BPMA 2023), que tem 183 projetos, informa o diretor-executivo da Amcham, Marcelo Rodrigues, que vê potencial de geração de negócios a partir da ação.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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