Quando a Rússia invadiu a Ucrânia, os preços das commodities agrícolas dispararam. Ambas são grandes produtoras de grãos, sendo que o país atacado é considerado o celeiro da Europa. Viver é difícil, o que dirá produzir alimentos. Um painel aqui na Agritecnhica, feira agrícola alemã em Hannover, trouxe os relatos de dois produtores rurais sobre como é conduzir o agronegócio nos países envolvidos no conflito. Ambos foram enfáticos ao dizer que a transformação digital das fazendas é essencial, sem dúvida alguma.
Presidente do Clube de Agronegócios da Ucrânia, Alex Lisstsa criou seu próprio departamento de tecnologia da informação na propriedade para criar soluções personalizadas ao que precisava. Só ficar maior em tamanho não adiantava para ele, então iniciou a digitalização há 10 anos para crescer como um todo. Diz estar se preparando para o que espera ocorrer: a Ucrânia entrar na União Europeia, processo que acabou travado pela guerra.
— Temos que ser mais espertos e inovadores que os russos — cravou.
Enfatizou a importância dos dados para tomar decisões, e a tecnologia ajuda a coletá-los, organizá-los, interpretá-los e aplicá-los. Segundo ele, isso foi essencial para sua fazenda estar com produtividade maior do que antes da guerra. Aos produtores presentes, o ucraniano sugeriu que não tenham medo da transparência.
— Transparência é minha motivação. Não tenha medo. Apenas mostre o que as pessoas querem ver — pregou Lisstsa, que ponderou como a maior dificuldade do conflito a falta de mão de obra. — Muitas pessoas deixaram a Ucrânia.
Terceirizar a transformação digital foi a opção de Arnaud Charmetan, CEO da Alisagroup, que pratica agricultura sustentável na Romênia, país que faz fronteira com a Ucrânia e vive o temor de ser arrastado para a guerra. Ele ressalta com frequência o benefício da tecnologia para que sua produção agrida menos o meio ambiente.
— Conseguimos reduzir em 6% o uso de pesticidas. Não gastamos menos, mas agredimos menos — exemplificou, bradando que a agricultura precisa de fazendas modernas. Segundo ele, os seus dados, bem organizados, informam até as taxas de juro que precisa praticar, além de qual fertilizante usar ou que tipo de prática aplicar nos cultivares.
* A coluna viajou à Agritechnica a convite da Fiergs (Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul)
Leia o que já foi publicado sobre a feira em Agritechnica.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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