O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tentou, mas é difícil acalmar os indicadores financeiros após a declaração de Lula que desdenhou da meta fiscal na última sexta-feira (27). Haddad negou descompromisso, mas a fala do presidente da República mostrou o quão difícil é e será a vida da equipe econômica, mesmo que ela persiga o equilíbrio de contas públicas. São dois caminhos que não se cruzam, o de quem defende gastar antes para arrecadar depois com o de quem sabe que isso não tem dado certo e que entende que gastar menos do que ganha é a receita para poder investir com tranquilidade.
Haddad sabe que não pode perder o crédito que ganhou após ter assumido. Então, não "cravou" o déficit zero na entrevista desta segunda-feira (30), como fazem outros ministros, a exemplo de Alexandre Padilha, de Relações Institucionais, em entrevista recente à Rádio Gaúcha. Extremamente criticado quando foi indicado ao ministério da Fazenda, Fernando Haddad, passou até a ser elogiado como o pulso forte contra a gastança e tem arrumada brigas internas no governo por isso. Tem quem aposte contra e ache que ele não resistirá. A crítica de Lula ao que tem sido o bastião de Haddad, que é a meta fiscal, desestabiliza um bocado o cenário.
E mais ainda às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), que decidirá na quarta-feira (1º) sobre a taxa de juro Selic. Será a Super Quarta, com decisão aqui e nos Estados Unidos. Como a coluna alertou ainda na sexta passada, nada é observado com mais atenção pela autoridade monetária brasileira do que a responsabilidade do governo com as contas públicas, dada a sua influência sobre dólar e inflação.
A insuficiência da fala do ministro da Fazenda aparece na nova queda do Ibovespa nesta segunda, junto com mais uma alta do dólar.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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