Atuando desde o início da enchente que devastou cidades gaúchas, o chefe da Casa Militar e coordenador de Proteção e Defesa Civil do Rio Grande do Sul, coronel Luciano Chaves Boeira, respondeu perguntas da coluna sobre o que é importante para não ocorrerem novas tragédias. Confira trechos abaixo e, no final da coluna, ouça a íntegra da entrevista ao Gaúcha Atualidade, na Rádio Gaúcha.
As mensagens de alerta não deveriam ser mais incisivas, talvez com um "saia de casa"?
Desde o início do ano, estamos atualizando com as prefeituras seus planos de contingência municipal. Aqueles que não têm, que façam, para a comunicação chegar o mais rápido possível, especialmente nas áreas de risco. É importante o envolvimento do poder público municipal para fazer chegar os alertas emitidos pela Defesa Civil estadual.
Uma preocupação do prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo, é sobre a falta de um cálculo que mostre quanto o volume de chuva, sempre divulgado, vai repercutir na elevação do nível dos rios.
Hoje, nós não temos uma tecnologia que faça esta avaliação. Já foi dito pelo próprio governador Eduardo Leite que vamos precisar investir em tecnologia, modernizar, revisar alguns processos para a informação chegar com maior precisão aos municípios.
O comandante Militar do Sul, general Hertz do Nascimento, disse que recebeu o acionamento da Defesa Civil para botes, mas eles estavam longe. Tem como reduzir esse ciclo para a resposta ser mais rápida?
Desde a madrugada, as equipes de resposta do governo do Estado estavam no terreno para o socorro das vítimas, mas as águas estavam muito fortes e tivemos dificuldade nos resgates. Procuramos o Exército e, no dia seguinte, estávamos com o apoio de botes.
Um questionamento do presidente da Associação de Hidrovias do Rio Grande do Sul (Hidrovias RS), Wilen Manteli, é se o desassoreamento do rio, o cuidado com a mata ciliar e a manutenção das eclusas poderiam evitar esse descontrole da água?
Sem dúvida. São iniciativas necessárias. O governo do Estado, a partir de agora, através da Secretaria do Meio Ambiente, terá o foco voltado para essas questões.
O que mais é urgente para evitar uma nova tragédia, considerando que as previsões apontam para mais fenômenos climáticos?
Temos que investir em tecnologia. No PPA (Plano Plurianual), encaminhado à Assembleia, temos um projeto para mapeamento das áreas de risco em todo o Estado. Hoje, são 60 municípios com mais de 500 áreas de risco mapeadas. Visitamos em maio o Centro Estadual de Riscos e Desastres de Santa Catarina, que tem áreas mapeadas pela Serviço Geológico do Brasil. Investiram e ampliaram esse mapeamento para todo o Estado. Pretendemos entregar esse serviço no ano que vem no Rio Grande do Sul, apontando áreas de alto risco para movimentos de massas e eventos hidrológicos.
* Colaborou Kyane Sutelo
Ouça a entrevista na íntegra:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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