Tem uma bomba se armando na Petrobras, que pode ser desarmada ou pulsar ainda mais nos próximos dias. Não chega a surpreender que a formação de preços dos combustíveis seja uma das polêmicas do governo Lula, que sempre foi fortemente contrário à política paridade de importação. Tanto gasolina quanto diesel estão com preços bastante defasados. A cotação do petróleo subiu nas últimas semanas, mas há volatilidade forte, inclusive pela entrada de diesel russo mais barato no mercado brasileiro.
Aliás, a defasagem é mais evidente no diesel, que chega a 27%. O combustível é usado no transporte rodoviário - ou seja, para carregar praticamente tudo no país - e tem efeito em cascata forte nos preços, o que é o ponto de alerta para o governo federal. Mercado vem apostando que o aumento virá passada a reunião do Banco Central, tendo sido represado para evitar que um repique de inflação prejudicasse a decisão de reduzir a taxa de juro Selic em 0,5 ponto percentual. Isso, inclusive, tem provocado restrições e até bloqueio de encomendas de diesel às distribuidoras, confirma o presidente do sindicato que representa os postos (Sulpetro-RS), João Carlos Dal'Aqua.
Apesar da alta à vista e do impacto inevitável na inflação de curto prazo, o preço do diesel caiu bastante nos últimos meses nos postos de combustíveis, ficando agora levemente abaixo dos R$ 5 na média do Rio Grande do Sul pela primeira vez desde 2021, segundo a Agência Nacional do Petróleo. Há um ano, beliscava os R$ 7,50, passando a custar bem mais caro do que a gasolina, situação que se reverteu somente no mês passado.
Desencontro na cúpula
Na semana passada, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, deu a entender que os preços dos combustíveis foram assunto de reunião com o presidente Lula. O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, rebateu, dizendo que não. Ambos têm suas rusgas já há algum tempo.
Desde que a nova política de preços foi anunciada, não houve aumento ainda. Só reduções. Prates negou que isso tenha derrubado para R$ 28,7 bilhões o lucro da companhia no segundo trimestre, resultado que atribuiu à queda do petróleo e do diesel.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna