A nova política da Petrobras promete estabelecer preços para gasolina e diesel conforme o mercado interno, regionalizá-los e até mesmo diferenciar conforme o cliente. O Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, entrevistou o empresário Neco Argenta, presidente da Empresas SIM, grupo com sede em Flores da Cunha, na serra gaúcha, e que atua em diversos pontos da cadeia de combustíveis, inclusive com postos, o elo mais próximo do consumidor final. A empresa é a maior do setor no Rio Grande do Sul, tem unidades em diversos Estados e pretende faturar R$ 15 bilhões em 2023.
O que achou da mudança?
Antes do anúncio, a preocupação do mercado era de que o preço do combustível no Brasil se descolasse do internacional totalmente. Após, deixando de lado a paridade internacional diretamente, mas mantendo na composição indiretamente, fica mais tranquilo. Agora, sabe-se que não é bem assim. O novo governo, não falando se está certo ou errado, tem a pretensão sim de intervir diretamente no preço. Me parece que não fica muito bem. É uma questão de tempo para sabermos como a Petrobras se posicionará. A redução que tivemos não é balizada na nova política, mas no petróleo, que baixou muito.
Se o cenário se inverter, com petróleo e dólar em alta, como a Petrobras teria que agir para não desorganizar o setor?
Essa é a grande preocupação. Sabemos que o Brasil é autossuficiente na produção, mas o nosso petróleo não é o melhor para produzir combustíveis claros: gasolina e diesel. Nossas refinarias têm 40, 50 anos. Nossa defasagem de refino está chegando a 30%. Importamos gasolina e diesel. Não acredito que terá projeto de nova refinaria no Brasil. Se descolar plenamente do barril de petróleo internacional, como faz para não ter falta de produto? Quem vai suprir a defasagem de preço da Petrobras? Isso não está claro. Vai deixar o mercado se organizar ou a Petrobras vai cobrir a diferença?
Ficou clara como será a regionalização de preço?
Isso é mais um problema. Não sabemos como será essa análise, qual é o caminho. Com nossos postos e as nossas distribuidoras Charrua e SIM, nossa preocupação é como fazer com a defasagem do produto importado se a paridade ficar totalmente descolar do preço do barril de petróleo. Espero que o governo possa deixar mais claro.
Ouça a entrevista na íntegra:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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