Há 15 anos, a empresária Magali Kist, de Lajeado, foi estudar espanhol na Argentina. Lá, conheceu Guilherme, que tornou-se seu marido. Ficou no país trabalhando para grandes empresas na área de secretariado executivo. Em 2018, já com uma filha de 10 anos, ficou grávida novamente e decidiu largar o emprego. Na pandemia, começou a fazer brigadeiros em casa para vender, sendo uma fonte de renda. Criou a marca Dulceana.
— Para o brasileiro, brigadeiro é comum, encontra em qualquer padaria, mas aqui não tem. É um produto desconhecido aqui. Não achava nem o granulado, tive que aprender a fazer em casa. Quando vou a Lajeado, volto cheia de insumos — disse a criadora ao podcast Nossa Economia, de GZH.
Magali mantém as vendas online, sem pretensão de abrir uma loja física porque diz ser difícil ter uma unidade na Argentina. Cita como motivos a burocracia, a inflação e a falta de mão de obra qualificada.
— Uma loja física em Buenos Aires seria linda, poderia dar certo, mas é complicado. Cada vez que vamos falar com o fornecedor, é uma surpresa. Pode não ter o produto, pode acontecer de ele não querer vender para reter a mercadoria e ver até onde chega (o preço) — completa a empresária.
O aumento nos produtos, que pode ser diário, é repassado mensalmente por ela aos consumidores. Na Argentina, além dos granulados, é difícil de encontrar até leite condensado. Quando tem, ela compra. Quando o preço baixa, faz estoque, o contrário do que se orienta nos negócios, para que não se estoque para não imobilizar dinheiro.
Porém, Magali avisa os brasileiros que nunca foi tão vantajoso viajar à Argentina como agora, especialmente pela moeda argentina. Além disso, Buenos Aires não parece estar em um país que enfrenta uma nova crise financeira.
— Apesar de toda essa crise, os restaurantes estão cheios. As pessoas, principalmente depois (do isolamento) da pandemia, decidiram viver. Lamentavelmente, aqui é muito difícil um trabalhador comum conseguir comprar um apartamento, uma casa, porque não contamos com empréstimos como no Brasil. Então, o pessoal simplesmente decidiu curtir a vida.
Colaborou Guilherme Gonçalves
Ouça o podcast Nossa Economia, de GZH:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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