Vai demorar mais a volta da Ceitec, o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada. Foi prorrogado por mais três meses o processo de liquidação, que o atual governo federal já havia decidido cancelar. O relatório feito por um grupo de trabalho do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação até recomendou a retomada operacional da empresa, mas precisa de um "ok" da ministra Luciana Santos e outro do próprio Lula. O prazo dado para isso terminou nesta semana, exigindo a prorrogação formal ou a Ceitec seria extinta.
Mas, afinal, o que isso significa? A fábrica não pode produzir, explicou à coluna o atual gestor da Ceitec, Augusto Cesar Gadelha Vieira. E, sem essa autorização, o quadro de funcionários não pode ser recomposto. Hoje, são 71 profissionais, mas já foram 180.
Ainda há risco de mudança de planos? Sim, mas é baixo.
- A esperança é a melhor possível, já que o governo federal sinalizou de que a Ceitec contribui com o desenvolvimento do país quando retirou da lista de desestatização e que o chip pode ser considerado o petróleo do atual século.
Sem dar prazo, a nota do ministério à coluna fala do que vem depois:
"Após a saída do estado de liquidação, o Ceitec terá que elaborar um plano de recuperação das atividades, uma vez que a empresa está operacionalmente desativada. Esse plano deverá contemplar soluções para recursos humanos, investimentos, fornecedores, clientes, instalações, máquinas e equipamentos, e deverá apontar o caminho estratégico para a empresa voltar ao mercado. O GT entende que a retomada operacional do Ceitec constitui importante oportunidade para impulsionar o setor de semicondutores no país, aumentando sua competitividade e relevância no mercado global."
Presidente da Associação dos Colaboradores da Ceitec (Acceitec), Silvio Luis Santos Júnior lamenta. Diz que os funcionários aguardam com ansiedade a decisão e não entendem o motivo para a demora. Vinculada ao MCTI e criada em 2008, a Ceitec desenvolve e fabrica semicondutores. No governo de Jair Bolsonaro, a empresa foi incluída em programa para ser privatizada. Como não houve interesse, um decreto autorizou a sua extinção em 2020. Em janeiro de 2023, porém, o governo Lula a retirou da lista de desestatização e criou um grupo de trabalho para analisar a reversão do processo de liquidação.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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